sábado, 17 de outubro de 2009

A Vale e o libelo antinacional. Ou o levante golpista do Estadão e O Globo.


O LIBELO ANTINACIONAL

Postado por Maia sob Uncategorized

Os editoriais de O Globo e do Estadão estão impressionantes. O de hoje, do Estadão, é extraordinário. Fala da Vale do Rio Doce.

II

A privatização da Vale foi a maior vergonha da história brasileira. Foi vendida pelo equivalente a um ano de seu faturamento. Foi, portanto, dada de presente durante o governo FHC. Com a Vale, o Brasil entregou o domínio do seu subsolo no que se refere aos diversos mineirais, inclusive ouro, inclusive ferro. Até hoje a privatização da Vale é questionada na Justiça.

III E o que fez a Vale, desde então? Um ano após a privatização publicou anúncio de página inteira comemorando 4.000 demissões que havia realizado. Eram outros os tempos: era a década de 90, era tudo “moderno”. Vender patrimônio público era o auge da modernidade. E assim foi feito. A Vale, então, passou a ser uma empresa privada, e se dedicou àquilo que as empresas privadas se dedicam.

IV

Veja-se o Pará, por exemplo. A Vale abre imensas crateras no Pará. É o minério sendo retirado, é o ferro que sai dali e é exportado. E o que é feito, então? O ferro é enviado para a China, onde é transformado em aço e tem o seu preço multiplicado. No Pará sobra uma cratera, tão somente.

V Por que toda a revolta contra a Vale? Porque a empresa tem tido uma postura antinacional, antibrasileira. E mais: é comandada, hoje, por quem tem apenas 22% das ações. E a imprensa – o Estadão, principalmente – pretende que quem tem apenas 22% das ações mande e desmande na Vale do Rio Doce.

VI

Exportamos o ferro puro. A China faz o aço. E, após, é a mesma Vale que compra navios no exterior, e não de estaleiros brasileiros. A Vale, pois, não tem o menor compromisso com o Brasil, com o desenvolvimento brasileiro. Ao contrário, faz uma exploração predatória, lesiva, que reverte apenas em lucros de curto prazo para si mesma, e não para a sociedade, para o Brasil. É a mesma lógica das hipotecas norte-americanas: o maior lucro no menor tempo, e abandone-se qualquer perspectiva de construção de um futuro melhor.

VII

A Vale, ainda, reduziu substancialmente seus investimentos tão logo anunciada a crise. E semeou desemprego, e ajudou aqueles que tentavam afundar o Brasil.

VIII

Pois bem: há uma pancadaria sobre a Vale, agora. Quando da privatização, FHC disse que o “Governo ficaria com uma ‘golden share’, uma ‘ação de ouro’, para dar opinião sobre os rumos da empresa”. Ou seja, ainda haveria alguma peso na opinião do Estado. Não houve o exercício dessa “golden share”, não houve qualquer iniciativa do governo no sentido de colocar a Vale a serviço, de fato, do Brasil, sem prejuízo dos compromissos que tem com seus acionistas.

IX

Agora, finalmente, o governo cobra pesado da Vale do Rio Doce a sua atuação. A empresa está, sim, com uma política antinacional, colonialista, extrativista. Atua exclusivamente de forma predatória, e já passou da conta.

X Veja alguns trechos do Estadão de hoje, com alguns comentários que faço -

“A interferência do presidente já é explícita na administração da Petrobrás. Bem antes de se anunciar a descoberta do pré-sal, Lula tentou forçar a estatal a comprar equipamentos pesados de fornecedores nacionais”. Ou seja, parece que é um crime gerar empregos aqui dentro.

“Mas as pressões voltaram e a legislação proposta para o pré-sal transforma a Petrobrás em instrumento de política industrial. Manobra semelhante – e mais audaciosa – ocorreu quando o presidente criticou a Vale, recentemente, por encomendar navios a um estaleiro chinês”. Ou seja, a Petrobrás NÃO DEVE ser instrumento de política industrial? E a Vale NÃO DEVE direcionar suas compras, tanto quanto possível, às indústrias brasileiras?

“Se o seu sucessor for eleito por um partido de oposição, terá muita dificuldade para retomar a pauta de reformas inaugurada nos anos 90.Terá de enfrentar a resistência de um funcionalismo engordado e moldado segundo os interesses políticos do atual governo. Terá de enfrentar, além disso, a pressão de grupos articulados para movimentos de rua e para demonstrações de força”. Ou seja, o Estadão mostra suas saudades do período neoliberal. E fala em “funcionalismo engordado”, como se estivessem sobrando médicos, fiscais do trabalho, professores, fiscais da vigilância sanitária!

XI

Adiante, enfim -

A moldura perfeita para este quadro é o conjunto, em torno do Brasil, formado por governos com evidente vocação autoritária, todos apoiados pela atual diplomacia brasileira, francamente intervencionista. Não se trata só dos governos de Venezuela, Equador e Bolívia. A recém-aprovada legislação argentina de controle dos meios de comunicação combina com essa tendência, até agora defendida como perfeitamente democrática pelo presidente Lula e por seus assessores. É uma afinidade cada vez mais clara e mais preocupante.

XII

Pois bem: o que o Estadão faz é se contrapor à Conferência Nacional de Comunicações. O que lá será discutido? O que existe em qualquer país civilizado. Qual o grau de concentração de imprensa admissível? Quem tem jornal pode ter rádio? Quem tem rádio pode ter televisão? Nos EUA, quem tem jornal não pode ter televisão, por exemplo. Em qualquer País razoável do mundo há restrições. Aqui, não. Aqui, também as comunicações são capitanias hereditárias que vêm desde 1.500, de pai para filho. Mas não é o que pensa a aristocracia quatrocentona paulistana, que fala como se estivesse falando em nome do povo brasileiro. E há poucos dias o Presidente do Senado criticou exatamente isso: a imprensa se comporta como se tivesse sido eleita para representar o povo brasileiro! E nova pancadaria contra ele, na grande imprensa, por causa da frase.

XIII

Isso é um editorial de jornal? Não. Isso é uma pregação golpista do Estadão. Não há análise, não há notícia. O que há é um levante golpista que sai a defender, em primeiro lugar, as multinacionais do petróleo; a seguir, os fornecedores internacionais da Vale. Por fim, defende a continuidade do monopólio absoluto das comunicações brasileiras, quando sequer houve, ainda, a conferência nacional de comunicação. Defende toda a pauta neoliberal, mesmo após a crise, mesmo após a quebra dos mercados.

XIV

Bate na Petrobrás, em defesa das multinacionais. Bate no governo, em defesa da politica antinacional da Vale. E não tem qualquer vergonha de se colocar como o principal partido de oposição, a dizer o que os líderes da oposição não dizem. Mas o Estadão é um partido de oposição ou é um jornal que, inclusive, aceita publicidade oficial?

Fonte: Castagna Maia /www.castagnamaia.com.br/blog2

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...