sábado, 17 de outubro de 2009

Causos da greve do Banco da Amazônia

O tempo de greve é um tempo do olho do furacão. Muita adrenalina, a coragem que vai subindo, invadindo o grevista e afastando qualquer possibilidade de medo.

Porque o tempo de greve é um tempo do desafio, de gente unida, de construção da solidariedade e de luta de classes. Tempo de botar a casa em ordem, mesmo com a bagunça da faxina.

E no tempo de greve rola muita conversa, muito causo. Foi o que a redação da Arte Bancária sacou nos 23 dias de greve no banco da Amazônia.

Aqui, a gente começa a contar os causos. E qualquer leitor-blogueiro que souber de um causo e quiser botar na rede, é só clicar e contar. A gente publica.

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Velório da diretoria: desopilando o fígado
O ponto alto da greve no Banco da Amazônia foi o dia do enterro da diretoria. Um dia pra ficar na história da greve. Caixão preparado, sai o cortejo. Chega a diretoria, em seus carrões pretos. Fica olhando o próprio velório, gravado por Alan Rodrigues e logo postado no you tube,
A bandinha tocava a marcha fúnebre e
alguém no microfone dizia:
O último desejo da diretoria é este: não vou pagar a PLR.
Mas este desejo não será cumprido.
Em pé, lotando as ruas em torno da Matriz,
os grevistas riam pela primeira vez, em muitos dias.
O dia do velório foi o dia da sessão "desopila o fígado"
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Meu TCC tá na gaveta
6 e meia da manhã. O colega chega, espia a cara do piquete de convencimento e vai se chegando pra perto de um grevista do plantão da manhã. Mano, preciso subir, é bem rápido. Vou pegar meu TCC que tá na gaveta. A conversa entra pelas 8 da manhã. O dono do TCC acaba convencido que é melhor somar com a greve. Na gaveta, o TCC fica guardado até o último dia de greve.
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Tirem o afrodescendente do caminho
A colega chega nos trinques, umas 8 da manhã. Toda alinhada. Ao contrário da véspera, não vem zangada. Bom dia, colegas. Vou subir e só peço que afastem a faixa e aquele afrodescendente de perto de mim. A grevista afrodescendente ri e entabula uma conversa sobre preconceito racial. A conversa se estica e tanto que lá pelas 10 horas a colega resolve bater em retirada.
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Eu não paguei minha conta de luz
Greve firme, Matriz parada, tenda do Sindicato armada e muita gente embaixo se protegendo do sol brabo. O colega chega e pede pro comando: preciso ir lá em cima, porque não paguei minha conta de luz e vence hoje. Preparado, o Comando de greve puxa o laptop, pede o nome completo do colega, copia a segunda via da conta de luz, manda pro emeio do colega. Ele paga na lotérica mais próxima e entra na greve. Mais um que se soma na luta.

(Da redação da Arte Bancária)

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