quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O mundo conclama por Trabalho Decente!

Por Deise Recoaro* Não somos máquinas, nem mercadorias que o capital usa e depois descarta. Somos gente, homens e mulheres, brancos e negros, jovens e velhos portadores de direitos universais e fundamentais para a sobrevivência.
Porém, até recentemente, o neoliberalismo fez a sociedade acreditar que só os fracos, os incompetentes, os falidos precisariam de proteção, que no mundo competitivo, globalizado e moderno, o que vale é a ganância, o individualismo, o "pode mais quem chora menos".
Porém, como diria minha querida vozinha, "há males que vêm para o bem".
A crise financeira internacional colocou em xeque toda esta ideologia neoliberal, que a esquerda, os movimentos sindicais e sociais do mundo inteiro sempre denunciaram suas mazelas.
"O peixe morre pela boca": foi justamente pela lógica neoliberal da competitividade, da ausência de controle público, da falta de ética nos negócios que este sistema explicitou suas contradições.
Hoje, os principais especialistas de mercado admitem que o Brasil, por exemplo, obteve sucesso na saída da crise porque adotou medidas de fortalecimento do poder estatal sobre a economia, incentivando o crédito e a produção.
Hoje, 7 de outubro, é o dia da Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, proposto e organizado pela organização sindical internacional e nas Américas pela CSA - Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas. É também uma grande oportunidade para refletir sobre as condições de trabalho dos bancários que nós representamos.
São decentes ou não? São dignas ou não?
Nem precisa ser muito crítico para perceber que apesar das aparências, dos ternos, dos taiers femininos e dos prédios e agências suntuosas, a categoria sente e sabe o quanto sofre para manter seus empregos.
Não é difícil encontrar um ou uma colega de trabalho vivendo à custa de antidepressivos para suportar a pressão por metas altamente abusivas, o assédio moral que vai cada vez mais deteriorando as relações sociais e as discriminações que os bancos praticam ao pagar em média 22% menos para as mulheres bancárias.
E como isto não bastasse, quando vamos para os "porões" dessas grandes estruturas do sistema financeiro, verificamos condições ainda mais degradantes através dos serviços terceirizados. Na sua grande maioria composto por mulheres jovens e um número bastante expressivos de negros e negras que formam a receitinha básica das discriminações e injustiças no Brasil.
Baixos salários, jornadas e condições desumanas de trabalho, repressão contra a organização sindical e outras aberrações que este tipo de negócio pode proporcionar. Temos motivo de sobra para conclamar a todos, governo, patrões, trabalhadores e sociedade civil organizada para uma grande corrente em defesa da humanização das relações de trabalho, de salários e condições dignas e pela igualdade de oportunidades para todos e todas.
E estamos vivendo um momento histórico bastante fértil para derrotar de vez o neoliberalismo e suas mazelas, pois lutar por trabalho decente é atacar o cerne desta ideologia e deste monstro que se mantém à custa das injustiças. E as propagandas e discursos dos defensores deste sistema, felizmente, não colam mais, não se sustentam mais.
*Deise Recoaro é secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT. E integrante da Articulação Bancária.

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