segunda-feira, 30 de abril de 2012

O 1º de Maio de luta da CUT e o sindicalismo do PSDB

Amanhã começa maio e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, será um dia de luta e muitas atividades em todo o país. Em Belém, CUT e demais centrais sindicais farão ato público na Praça da República, em Belém, a partir das 9 horas. Saiba um pouco desse histórico de luta e também como é praticado o sindicalismo no PSDB (texto mais abaixo, extraído do Blog do Artur Henrique, presidente da CUT Nacional).

Um bom 1º de Maio com muitas lutas e muitas vitórias! E não esqueçam que na quarta-feira dia 2, a Assembleia Legislativa do Pará vota as PPP's, famigeradas Parcerias Público-Privadas.
  • A origem do 1º de Maio -A data está vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, bandeira que mantém sua atualidade estratégica. Em meados do século XIX, a jornada média nos EUA era de 15 horas diárias. Contra este abuso, a classe operária, que se robustecia com o acelerado avanço do capitalismo no país, passou a liderar vários protestos. Em 1827, os carpinteiros da Filadélfia realizaram a primeira greve com esta bandeira. Em 1832, ocorre um forte movimento em Boston que serviu de alerta à burguesia. Já em 1840, o governo aprova o primeiro projeto de redução da jornada para os funcionários públicos.(leia mais aqui)
  •  202 milhões desempregados no mundo - A OIT- Organização Internacional do Trabalho divulgou dia 29 um estudo que justifica a realização de combativos protestos no mundo inteiro. A OIT prevê que, até o final deste ano, o número de desempregados  deverá passar de 202 milhões – um aumento de seis milhões em relação a 2011.
Decididamente, a gente pensa que já viu de um tudo, mas não chegou nem perto.

Sindicalismo pago por patrões adere oficialmente ao PSDB. Funcionários têm ponto liberado em troca de presença na festa

 Na última sexta-feira, um ato político marcou oficialmente o lançamento do “núcleo sindical” do PSDB. Com a presença de ilustres figuras “amigas” dos trabalhadores como Sérgio Guerra, José Serra e afins, um grupo de sindicalistas ligados a outras centrais aderiram à tentativa tucana de passar um verniz trabalhista em sua mais que desgastada imagem.
A Folha de S. Paulo de sábado noticia que os trabalhadores lá presentes foram instruídos por seus empregadores – construtoras e empreiteiras – a participar do evento, e que seriam liberados do trabalho sem desconto do ponto, desde que apresentassem comprovante de que lá estiveram durante toda a duração do encontro.
O jornal Valor Econômico, a respeito da mesma cerimônia, conta que o presidente do “núcleo sindical” do PSDB, Antonio de Sousa Ramalho, dirigente há três décadas do mesmo sindicato da construção civil de São Paulo, teria pedido doações a empreiteiras para financiar o ato político.
Assim, repete-se à luz dos holofotes a mesma prática que marcou a origem de determinada central, fundada a partir de iniciativa dos patrões – no caso, a Fiesp – nos anos 1990 para tentar abafar o sindicalismo autêntico e para combater a CUT.
Essa origem da Força, que durante os anos Lula ficou um pouco escondida por ela ter aderido a lutas conjuntas com a CUT, fica novamente exposta.
Durante o encontro de sexta entre tucanos e esses sindicalistas, segundo os dois jornais citados, a CUT recebeu várias críticas por sua luta contra o imposto sindical. Patrões, tucanos e pelegos, juntos, nos criticando. Prova maior de que estamos no caminho certo!
Estamos prontos para ações unitárias em defesa dos interesses dos trabalhadores, mas é preciso muita atenção para as pautas de cada central e de que lado cada uma está.
Leia sobre nossas diferenças de concepção clicando aqui.
Saiba mais sobre os riscos do “núcleo” tucano clicando aqui.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quase não tem supermercado que aceite o novo tíquete do Banco da Amazônia./ No Banpará, continuam as arbitrariedades...


Clique nas imagens e veja os detalhes entre  a rede credenciada das duas empresas, a Sodexo (que perdeu a licitação) e a Valecard (que venceu). A listagem foi feita pelo diretor não-liberado do Sindicato, Marco Aurélio Vaz dos Remédios e mostra que a Sodexo ganha de goleada da atual Valecard, em termos de credenciamento.

Depois de analisar a simples comparação, vem algumas perguntas: como a Valecard pode ganhar a licitação, se tem rede credenciada muito menor, em toda a Amazônia, em São Paulo, em Belém? Por que não manteve a Sodexo? Por que essa intenção deliberada da diretoria do BASA em prejudicar, massacrar os trabalhadores?
Hoje tem mesa de negeociação entre a diretoria do Banco da Amazônia e o movimento sindical: ContrafCUT, FETEC-CN e Sindicato dos Bancários. Dentre vários assuntos, estará presente a reivindicação do movimento para que a diretoria cancele a licitação do tíquete alimentação, pois venceu uma empresa (Valecard) que tem uma rede de credenciamento muito inferior à empresa que perdeu.

Não adianta ter o tíquete - que é uma promessa de compra - se não tem rede credenciada para comprar os alimentos. Então, fica inútil o tíquete-alimentação.

O diretor não-liberado do Sindicato dos Bancários do Pará, Marco Aurélio Vaz dos Remédios, fez uma listagem comparativa para demonstrar o quanto é inútil e prejudicial aos trabalhadores ter um tiquete que quase não serve pra nada.

Imediatamente vêm algumas perguntas:

  • como a Valecard pode ganhar a licitação, se tem rede credenciada muito menor, em toda a Amazônia, em São Paulo, em Belém? 
  • Por que não manteve a Sodexo? 
  • Por que essa intenção deliberada da diretoria do BASA em prejudicar, massacrar os trabalhadores?
Na mesa de hoje, entidades sindicais cobrarão do Banco da Amazônia ainda:
  •  Pagamento da 2ª parcela da PLR, 
  • pagamento das horas extras, 
  • Plano de saúde CASF, 
  • Terceirização, 
  • PCCS, 
  • Diferença do valor de comissão do supervisor de agência e matriz, Administrativo e Operacional dos cash nas agências e PABs, 
  • Comissionamento do pessoal do quadro de apoio nas agências, Programa de metas e de promoção, 
  • além de outros temas ainda pendentes das dua smesas de negociação permanentes que já houve este ano.
Ação da terceirização  - Ontem, houve audiência da ação que o Sindicato dos Bancários do Pará move contra o banco da Amazõnia em relação à terceirização existente no Banco da Amazônia. Mas como a Justiça não chamou o Ministério Público do Trabalho à lide - que havia sido decidido na última audiência - foi marcada uma nova, dia 6 de junho.

No Banpará, sentença sai dia 21 de maio - Dia 24, houve a audiência na justiça em que o Sindicato dos Bancários do Pará cobra o cumprimento de pontos que o Banpará não incluiu na redação do acordo coletivo, embora tenham sido aprovados na mesa de negociação. A sentença sai dia 21 de maio. Na última audiência, a companheira Vera Paoloni (funci Banpará e diretora da Fetec-CN) foi testemunha na ação, em nome dos trabalhadores.

Estes são os itens que o Banpará não incluiu na redação final do ACT:

1) Revisão e reajuste de todas as comissões, em até 10%, retroativo a novembro de 2011, conforme afirmado pela Diretora Administrativa do Banpará;

2) Reajuste das Comissões de Tesoureiros, de acordo com o nível da agência em valores que vão de R$ 1.532,00 a R$2.451,00; retroativo a setembro de 2011;

3) Reajuste de 12% em todos os níveis, mantendo-se o interstício de 5% na tabela do PCS, este ponto definido em mesa da Fenaban, à qual o Banco é signatário.

Arbitrariedades continuam no Banpará
Já denunciamos aqui que a atual diretoria do Banpará inova para retroceder.
  • Demitiu um trabalhador suamriamente, sem dar a menor chance de defesa. 
  • Descomissiona bancários sem qualquer justificativa ou critério. 
  • Não paga horas extras trabalhadas. 
  • E alguns diretores têm utilizado o banco como se fosse uma extensão de suas casas, como se o banco fosse desses diretores e não um patrimônio público do povo paraense.
  • Dia 12 de maio tem seminário para debater o futuro do Banpará e as relações trabalhistas que estão muito detonadas no banco.
Último dia para se inscrever a delegado sindical- No BB, na Caixa e em todos os bancos há muito enfrentamento a ser feito, vamos construir a resistência a tantos desmandos. Então, não deixe de se inscrever para delegado sindical. Hoje é o últmo dia e para se inscrever, é só entrar no site dos bancários. 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Adiada para 2 de maio a votação das PPP's- Parcerias Público-Privadas

O Projeto de lei das Parcerias Público-Privadas-PPP's, de nº 210/2011, do governo do Pará, deveria ter ido à votação hoje, mas foi adiado para 2 de maio. Há forte resistência e mobilização dos movimentos sociais, bancários e urbanitários cutistas na linha de frente. NÃO ÀS PPP'S!

No blog da Vera Paoloni, o www.lapaoloniblogspot.com:

Ainda sobre as PPP's, o Projeto de Lei 210/2011, que trata das Parcerias Público-Privadas, votação que foi adiada na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) de para 2 de maio.

É preciso ter muito barulho e muita unidade de todos os movimentos sociais e parlamentares de esquerda contra as PPP's que, neste caso particular, significa entregar o que existe de público no Estado.

 Pra mim, as PPP's não é questão de princípio, mas manter o Estado inteiro e sem privatização, com respeito aos direitos dos trabalhistas, aí isso é.... Por todo o histórico de privataria no país, não confio nos tucanos nem com os olhos bem abertos.

 Dos 41 votos existentes hoje na Alepa, o governo Jatene tem maioria absoluta, não precisando dos oito votos da bancada do PT e nem do voto do PSOL. Podem aprovar tranquilamente o projeto de lei das PPP’s sem o voto da esquerda no parlamento paraense.

O Pará precisa é de governo e governo pra imensa maioria da população que precisa de saúde, segurança, transporte público e emprego. Ser um estado de proteção social e não de entrega do patrimônio público.

PPP's, então pra quê? Pra criar pedágios nas estradas? Vender a Cosanpa, o Banpará, terceirizar saúde, educação, sistema prisional? 

 Entrega do estado, precarização? Tô fora!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Projeto das PPP's entra em votação amanhã. Todos à Alepa!

CUT, bancários, urbanitários reuniram hoje à tarde com parte da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Pará sobre o projeto das Parcerias Público Privadas PPP's que entra em votação amanhã. Presentes os deputados Zé Maria (líder), Bordalo (vice-líder) e Milton Zimmer.
Entra em pauta amanhã, às 10 horas, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) o projeto de lei 210/2011 e que trata das PPP's - as Parcerias Público-Privadas.

Os movimentos sociais estiveram com parte da bancada do PT hoje à tarde na Alepa, debatendo o conteúdo do projeto e expondo o posicionamento cristalino dos sindicalistas cutistas: contrários ao projeto das PPP's pelo seu conteúdo privatista. O debate foi bom, rico e bem participativo, na temperatura e pressão que o tema provoca. Um bom diálogo travado entre sindicalistas e os deputados Borlao, Zé Maria e Milton Zimmer.

Amanhã, o movimento sindical estará com as atenções voltadas para esta votação pois ninguém quer continuidade do projeto tucano de tudo privatizar. Não às PPP's!

Presentes pelos bancários: Vera Paoloni (Fetec-CN), Lorena (assessora), Gilmar e Alan Rodrigues, diretores do Sindicato. A companheira Miriam Andrade, presidenta da CUT também estev epresente, assim como Pedro e Ronaldo, dos Urbanitários.

Audiência no Banpará também aconteceu hoje

Das 11 às 12:30 de hoje aconteceu a audiência na justiça do Trabalho entre Sindicato dos Bancários do Pará e Banpará. O Sindicato entrou na justiça dia 2 de janeiro, requerendo os seguintes pontos que não integraram o Acordo Coletivo de Trabalho, embora tenham sido batidos e rebatidos na mesa de negociação.

Hoje, na audiência, a companheira Vera Paoloni foi ouvida na condição de testemunha dos trabalhadores. Também estavam arroladas como testemunhas a presidenta da Afbepa, Kátia Furtado e a assessora da Afbepa, Ghyslaine Cunha.

O próximo passo agora é a marcação da sentença.

Em síntese, eis o que reivindica o Sindicato na ação :

1º) A aplicação do reajuste do percentual concedido pela FENABAN no que for melhor ao concedido pelo BANPARÁ no ACT, com destaque para seus reflexos no PCS (isto é, que seja válido para todos os pisos e mantidos os 5% entre os níveis);
2º) Reajuste dos tesoureiros: que o presente ponto foi apresentado pelo Banco como proposta, nos dois comunicados encaminhados ao Sindicato, sendo entendido pelas entidades sindicais e pelos trabalhadores que entraria no ACT, considerando a data base, isto é, desde setembro/2011;
3º) Compromisso do Banco de rever e reajustar todas as comissões no prazo da portaria.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Inscrições abertas para delegado sindical. Mais do que nunca é preciso fiscal no local de trabalho pra pressionar e garantir direitos

O Sindicato dos Bancários do Pará abriu hoje as inscrições para a fundamental figura do delegado sindical, que é aquele bancário, aquela bancária que, no local de trabalho, questiona o que está errado, denuncia as arbitrariedades, a falta do pagamento da hora extra, que consegue articular a galera em torno de uma ideia, um projeto. E que conversa, ouve, participa e e está junto com os colegas verificando se os direitos conquistados pela categoria estão sendo respeitados ou se tem problemas como extrapolação de jornada, não-pagamento de horas extras, assédio moral, metas abusivas, qualquer tipo de desrespeito, falta de condições de trabalho, burla no ponto eletrônico (no Banpará e Banco da Amazônia está em fase de implantação).

Se no seu local de trabalho tem um colega com esse perfil, tá na hora de fazer a inscrição para delegado sindical. É só entrar no site do sindicato e se inscrever. Se não for sindicalizado, pode se sindicalizar na hora. E se tiver algum problema com o site, acione o sindicato.

Pode ligar para o companheiro Alan Rodrigues, que é o secretário geral do Sindicato, nos celulares 91.8108.9225 e 9963.4115.  Ou então direto para o sindicato: 91.3344.7799.

Como os bancos abusam muito dos bancários, é preciso orar e vigiar o tempo inteiro.

Mais do que nunca, pois, é preciso ter uma rede forte de organização por local de trabalho (OLT) e o delegado sindical é a ponte entre o sindicato e a agência, o local de trabalho.  O delegado sindical é o fiscal no local de trabalho. O fiscal e o articulador.

Eleito, o delegado sindical passa a ter estabilidade sindical por um ano e não pode ser remanejado para outro local. O delegado sindical tem direitos, iguais aos de dirigente sindical.

Portanto, não perca o prazo: é de hoje até o dia 27, sexta-feira.

Podem se inscrever bancários dos bancos BB, Caixa, Banpará e Banco da Amazônia.


 Qual o papel do delegado sindical?

A resposta vem dos companheiros da ContrafCUT William Mendes e Plínio Pavão:

O delegado sindical é a referência no local para conscientizar os trabalhadores a se apropriarem de seus direitos e atuarem junto ao sindicato na manutenção e ampliação das conquistas e de melhores condições de trabalho, bem como para incentivar a sindicalização. 

E isso independente de linha política ou ideológica, pois ele deve reproduzir não sua visão pessoal e suas convicções, mas ter sensibilidade de entender as demandas dos colegas, harmonizando os interesses de todos buscando solucionar os problemas, sempre com a intermediação da entidade sindical.

Saiba mais sobre OLT e delegado sindical clicando aqui.


sábado, 21 de abril de 2012

É preciso transparência na divulgação do que efetivamente reduziu de taxas de juros nos bancos

A redução da taxa de juros joga R$ 10 bilhões na economia.

Pra nós, da Articulação Bancária, há três pontos a observar na queda de juros nos bancos:

1º) exigir de todos os bancos, públicos e privados, transparência na divulgação das taxas de juros praticadas antes e depois da redução, em cada linha de crédito, senão o banco diz que baixou a taxa, isso só acontece em algumas faixas e vira só peça de marketing sem ser a realidade;

2º) que haja orientação de que o crédito seja prioritariamente para a produção e não só para o consumo. Por exemplo, investir na economia solidária, em pequenos negócios;

3º) que se aumente a oferta de crédito, que hoje é 49% do PIB e nos países desenvolvidos chega ser o dobro.


Carlos Cordeiro, ContrafCUT
É o que nós, do movimento sindical cutista do ramo financeiro estamos reivindicando e que o presidente da ContrafCUT, Carlos Cordeiro (Carlão) fala no site da nossa Confederação. 

Como diz Carlão, "a estratégia do governo de usar os bancos públicos para forçar o sistema financeiro a baixar os juros e o spread bancário, que era uma reivindicação do movimento sindical, foi acertada e já surtiu os primeiros efeitos. Mas a diminuição feita, sobretudo, pelos bancos privados ainda é muito pequena, nebulosa e restrita, não atingindo todas as modalidades de crédito. A queda nos juros precisa ser ampla, transparente e não pode ser uma jogada de marketing diante da pressão do governo e da sociedade".

Aproveitando o embalo do assunto, o Arte Bancária recomenda a leitura integral da excelente entrevista que o presidente nacional da CUT, Artur Henrique concedeu à revista Teoria e Debate.

Artur Henrique faz uma ótima análise da conjuntura, a quebradeira na Europa, na Grécia e como isso pode nos atingir. Também, por que é fundamental ter uma agenda sindical unificada e atuante para pressionar o governo a avançar na construção do trabalho decente e no combate à terceirização, às privatizações e à intensa rotatividade.

É uma leitura imperdível. Com todos os pingos no iis.

Teoria e Debate - Há uma crítica à política econômica do governo em relação à taxa de juros básica, baixada recentemente a um dígito. Qual é a proposta?
Artur Henrique, CUT Nacional
Artur Henrique  - É fundamental continuar esse processo de redução da Selic, mas isso só não basta. O grande problema é que tanto pessoas jurídicas quanto físicas estão pagando uma taxa de juro bancária altamente prejudicial à produção e ao consumo. Se comprarem um produto e financiá-lo com cheque especial, pagam até 40% de juro ao mês. Se comprarem com cartão de crédito, pagam 240% ao ano. Talvez isso explique os lucros estratosféricos do sistema financeiro.
Queremos discutir o papel dos bancos públicos. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal têm de reduzir a taxa, o chamado spread bancário. Esses bancos não podem atuar para ser lucrativos e comerciais, como o Itaú e o Bradesco. Devem ter a função social de um banco público, que concede empréstimos para programas como o Minha Casa, Minha Vida, ou todo financiamento de políticas públicas e sociais.
Teoria e Debate - Empréstimo consignado, por exemplo.


Artur Henrique - Mesmo o empréstimo consignado chegou a ter juro a 22%. Quando o Marinho era o presidente da CUT, chamamos uma reunião com os bancos justamente para reduzir a taxa de juro do consignado.

Os bancos alegavam que o spread era caro porque havia risco de inadimplência. Nós propusemos fazer empréstimo consignado na folha de pagamentos, limitado a 30% da renda. Não havia risco. Em um primeiro momento, baixou o juro do crédito consignado.
Esse esforço no sentido de reduzir o spread bancário é essencial, e para isso é preciso ter medidas governamentais fortes, como fazer com que o BB e a CEF tenham um papel mais ativo.

O Brasil, diferentemente dos outros países, tem depósito compulsório. O Banco Central retém uma parte dos recursos dos bancos. Por que não ter um instrumento de política monetária em que seja liberado dinheiro para bancos que tenham crédito mais baixo para aplicar na produção? Assim teríamos um juro menor, mais dinheiro no mercado, para bancos que se comprometerem com investimento de longo prazo, em infraestrutura.

A CUT está propondo chamar uma conferência nacional do sistema financeiro, com todos os atores, para debater o papel dos bancos privados e públicos, dos fundos de pensão, dos fundos de investimento, como o FGTS e o FAT. Tem banco que faz campanha dizendo que tem responsabilidade social porque planta meia dúzia de árvores ou constrói uma creche. Queremos discutir se o Brasil quer ser a sexta potência do mundo, como se desenvolve do ponto de vista sustentável, com melhor distribuição de renda, com valorização do trabalho, inclusão social.

O banco tem de ter um papel na sociedade. O único que empresta a longo prazo hoje é o BNDES. E faz isso, na minha opinião, com uma visão que também precisa ser rediscutida, porque empresta para grandes empresas brasileiras se tornarem internacionais. Queremos debater com o governo o papel de micro e pequenas empresas, economia solidária, que têm enorme importância do ponto de vista da economia real. O Banco do Nordeste Brasileiro fez no último ano cerca de R$ 11 bilhões de empréstimos para a economia solidária; 80% para mulheres donas do próprio negócio.

Um micro e pequeno empresário,  para investir, se implantar no Brasil ou ampliar seus negócios, enfrenta as regras de empréstimo draconianas.


Clique aqui e leia toda a entrevista de Artur Henrique à Teoria e Debate.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bancos privados chiaram muito, mas começaram a baixar os juros. Agora, precisa contratar mais gente. E logo!

Como disse hoje em seu facebook a editora geral deste blog, companheira Vera Paoloni, "bancos privados chiaram, mas ontem começaram a baixar os juros, confirmando que o Estado precisa regular o mercado e cada vez mais. Valeu, presidenta Dilma!

Agora, BB e Caixa precisam agilizar a contratação urgente de mais bancários, pois com a queda de juros agências tão mais lotadas que nunca. E os bancos privados (Itaú, Bradesco, HSBC ) precisam contratar bancários urgentemente, pois o lucro é imenso e o emprego é bem pouco nesse pedaço do setor financeiro.

A regulagem do governo federal precisa ser maior, para que a concessão de crédito não seja apenas para consumo, mas para a produção, viu Banpará, BB, Caixa, BNB, Banco da Amazônia e todos os bancos privados, como Itaú, Bradesco, HSBC?

É só assim que bancos darão alguma contrapartida à sociedade pela concessão pública que recebem para funcionar no país e em cada município brasileiro".

A queda dos juros, como diz o Nassif (artigo mais ao final) é a "maior mudança no ambiente econômico brasileiro desde que o Plano Real acabou com a inflação, mas deixou como herança as maiores taxas de juros do planeta e uma dívida que paralisou o crescimento público por 15 anos". 

Spread lá em cima

A queda da taxa de juros é algo histórico e inédito no país e mais do que necessária, sempre reivindicada pelo movimento sindical bancário e do ramo fiinanceiro.

Afinal é muito alto o spread bancário, isto é, a diferença entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e o quanto esse banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro.

Saca a diferença do spread praticado no Brasil e fora do país:

Brasil -     31,1%
Paraguai - 24,8%
Rússia -       4,8%
China -          3,1%
Argentina -  3,39%
Chile -            4,49%.
Japão -           1,1%.

Taxa média anual de jurosno Brasil é de 237,9%
No início do ano, o brasileiro pagava uma taxa média de juros de 237,9% ao ano. Agora, compare com outros países:

Brasil  -      237,9%
Argentina -  50%
Chile        -  40,7%
Peru          -  40%
México     -   36,2%
Venezuela -   28,5%


É demais da conta, não é?

Mas se entrar no vermelho, paga 2 carros, 2 tevês e só leva um bem
Um exemplo de como a taxa de juros lá em cima é ruim para o nosso bolso e para o país.

Imagine que um poupador invista seu dinheiro na caderneta de poupança. Vai receber 6,75% ao ano de rentabilidade, ou menos de 3% de ganho, descontada a inflação.

Se pedir dinheiro emprestado nos principais bancos privados do país e entrar no vermelho pagará pelo uso do cheque especial entre 170% e 224% anuais. E se comprar um carro ou uma TV financiados, com, a extorsiva taxa de juros, pagará 2 ou 2,5 carros e umas 3 tevês.

Acompanhe aqui o que pensam companheiros que lutam todos os dias para que os banqueiros cortem os juros e invistam o crédito prioririariamente na produção e não só no consumo:

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Artur Henrique/CUT Nacional:precisamos de um modelo que distribua renda


Para o  atual presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, "o modelo neoliberal ditado pelo FMI, pelo Banco Mundial e pelo Banco Central Europeu faliu. Está cada vez mais claro que o Estado tem papel fundamental para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, coletivo e solidário, com participação popular e radicalização da democracia. Vivemos um momento em que apenas crescimento econômico não basta, necessitamos de um modelo que distribua renda”

E continua: “Mais do que possível, um novo mundo é necessário com a introdução de novos valores culturais que se contraponham aos valores e conceitos implementados e reproduzidos pela ideologia neoliberal, que afirmam o individualismo e a competitividade contra o coletivismo e a solidariedade para facilitar o domínio das transnacionais e do sistema financeiro. É preciso efetivarmos a função social da propriedade e implementar um imposto sobre transações financeiras“.

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Bradesco entre os 50 maiores do mundo? Isso é importante apenas aos donos dos bancos, diz Vagner Freitas. 

 “Não  são só o BB e a CEF que tem que fazer política pública. Mas são os bancos públicos que estão financiando a produção e o crescimento, enquanto os privados ganham com a rotatividade fácil. Há cada vez mais bancos brasileiros ranqueados como os principais do mundo. O Bradesco e o Itaú ganham outro Bradesco e outro Itaú a cada quatro anos. E qual é a contrapartida disso para o Brasil? O que trouxe de ganho para a população ter o Itaú e o Bradesco entre os 50 maiores do mundo? Isso é importante só para os donos dos bancos. (Vagner Freitas, futuro presidente da CUT Nacional, em entrevista ao Valor).
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Carlos Cordeiro, presidente da ContrafCUT: queremos debater numa Conferência do Sistema Financeiro o papel dos bancos e a oferta de crédito prioritária para produção e não só para consumo. E mais empregos.

"Hoje, meia dúzia de instituições concentra 90% do sistema financeiro, acumulando lucros gigantescos, sem oferecer contrapartidas para a sociedade, que paga os juros mais altos do mundo, tarifas abusivas, spread nas alturas e bônus milionáriospara altos executivos. 

Queremos discutir com a sociedade o papel dos bancos. Como concessões públicas, eles têm de prestar contas à nação e colaborar com o desenvolvimento econômico e social do país. O que fazem hoje, ao oferecer crédito prioritariamente para o consumo em detrimento da produção e com juros altíssimos, é exatamente o inverso do que a sociedade espera. Para isso, precisamos de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, nos moldes de outras conferências setoriais realizadas pelo governo federal nos últimos anos, como saúde, educação, segurança pública e comunicação."
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  Por Luis Nassif (*)

 Com a guerra ao spread bancário, a presidente Dilma Rousseff dá início ao lance mais audacioso da sua política econômica: o desmonte do aparato econômico introduzido pelo plano Real e que deixou praticamente todo o setor público à mercê do jogo financeiro.
Consistiu, de um lado, em redefinir a composição do Conselho Monetário Nacional (CMN), afastando representantes do meio empresarial e concentrando a decisão nas mãos do Banco Central. O BC tornou-se território exclusivo de bancos de investimento, pautando todas suas decisões pela ótica do mercado.
No plano federativo, instituiu-se a DRU (Desvinculação das Receitas da União), tirando recursos dos estados.
A partir de 1995, com a queda acentuada da atividade econômica – em função da alta pornográfica da taxa Selic -, os estados se viram quebrados. O governo então passou a condicionar empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social)  à venda das estatais estaduais. Como os títulos de dívidas dos estados pagavam um ágio absurdo sobre as já absurdas taxas Selic, houve a renegociação da dívida que enfiou goela abaixo dos estados contratos leoninos, praticamente acabando com sua autonomia financeira.
Conforme já demonstrado aqui, a política monetária impunha um preço altíssimo ao orçamento público – obrigado a bancar juros extorsivos – com efeitos quase irrelevantes sobre o custo do dinheiro, na ponta.
Entre as taxas de captação e de empréstimo dos bancos, os mais altos spreads do planeta.
Esse modelo pernicioso trouxe inúmeros prejuízos ao país. É verdade que criou um sistema financeiro robusto – e que terá papel relevante daqui para frente, quando as distorções forem corrigidas. Mas impediu o deslanche da atividade econômica, consumiu recursos preciosos para pagamento de juros, atrasou o desenvolvimento do mercado de capitais, devido ao primado da renda fixa.
Em fins de agosto passado, Dilma deu início ao desmonte do modelo financista. A primeira grande batalha foi a redução da taxa Selic pelo BC, provocando grita e terrorismo por parte de consultorias.
Nos meses seguintes, ao contrário dos prognósticos terroristas, a inflação começou a cair. Este ano deverá continuar caindo, exclusivamente porque influenciada pelos preços internacionais dos commodities – que começaram a cair.
Agora, começa a ofensiva pela queda dos spreads bancários, iniciando pela redução das taxas pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Nesse ínterim, Dilma firmou aliança com alguns dos grandes bancos privados que têm tradição histórica de colaboração com as diretrizes de governo.
Não se trata de voluntarismo, nem de atitudes imprudentes. No início haverá resistências localizadas dos bancos. Depois, com o pragmatismo que os caracteriza, sua energia deverá se voltar para ganhos de escala em um ambiente de spreads baixos.
Será a maior mudança no ambiente econômico brasileiro desde que o Plano Real acabou com a inflação, mas deixou como herança as maiores taxas de juros do planeta e uma dívida que paralisou o crescimento público por 15 anos.
(* ) Luís Nassif - Jornalista econômico e editor do sitewww.advivo.com.br/luisnassif

Edição: Arte Bancária. fontes: ContrafCUT, Carta Capital, Valor

domingo, 15 de abril de 2012

Ganhar é tão bom! Parabéns chapa 1 na Cassi e nos bancários Rio!

É bom comemorar vitórias conquistadas com luta, articulação e capacidade de aglutinar aliados. Aqui, o registro de duas belas vitórias do movimento sindical, tendo à frente a valorosa Articulação Bancária.

Nosso blog dá parabéns calorosos à companheirada da CASSI e do Rio de Janeiro! Va-leu!!!

E aproveitamos para dar os parabéns à diretoria, funcis e categoria da base do Seeb-SP, que neste 16 de abril completa 89 anos!

Vencemos na CASSI, plano de saúde do BB
Mirian Fochi, eleita Diretora de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes da CASSI com 31.026 votos de todo o país, 35,1%  na chapa 1. Mirian é secretária de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT e ex-diretora do Sindicato de Brasília. A fala dela, no site da ContrafCUT: "Agradeço profundamente a confiança depositada pelos associados da Cassi e o apoio dos sindicatos e das demais entidades representativas do funcionalismo, com os quais precisamos somar forças para que tenhamos êxito no imenso desafio de tornar cada vez melhor o atendimento à nossa saúde e a de nossos familiares". Mirian é da Articulação Bancária.



Vencemos na eleição dos bancários Rio de Janeiro
Almir Aguiar, presidente reeleito do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Eleição foi a 13 de abril e a chapa 1 ganhou com 86,5% dos votos, vencendo em 78 das 80 urnas. O placar é este: chapa 1= 10.471 votos e chapa 2, 1.631. A fala do Almir em seu facebook, ele que também integra a Articulação Bancária e é um botafoguense: “Esta vitória mostra que estamos no caminho certo. Nossos esforços para fortalecer a unidade nacional, lutando dia a dia por um futuro e uma vida melhor para todos os bancários e bancárias, estão sendo reconhecidos pela categoria. Valeu, bancários!
Aqui a chapa 1, do Seeb-RJ, eleita com 86,5% dos votos, em foto histórica e linda!
Logomarca dos 89 anos anos do Sindicato dos Bancários da São Paulo que neste 16 de abril completa 89 primaveras.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Banqueiros choram ante à perspectiva de baixar a taxa de juros e ajudar o Brasil. E a mídia faz o que?

Depois que Caixa e BB, sob orientação do governo federal, anunciaram a derrubada na taxa de juros, banqueiros de bancos privados foram até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa chiadeira de coitadinhos. A choradeira não convenceu ninguém.

Os banqueiros  não querem baixar  as taxas de juros e nem o spread, que é a diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro de investidores e o que cobra de juros dos tomadores de empréstimos.

Tiveram o desplante de apresentar 20 propostas  de medidas compensatórias à eventual diminuição da abusiva taxa de lucros.

Pediram a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrados dos bancos apresentaramque envolvem desde a diminuição de impostos até a redução do depósito compulsório (dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central).

 Outra proposta dos banqueiros é a extensão, para outros tipos de operações de crédito, de benefícios que existem para os financiamentos imobiliários. Também foi sugerido que os clientes com planos de previdência complementar possam usar parte das reservas no fundo de pensão como garantias de empréstimos.

São propostas indecentes e como bem diz o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, "Em vez de barganhar vantagens, os banqueiros deviam seguir o caminho aberto pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, que já anunciaram quedas nas taxas de juros, como forma de contribuir também para a diminuição do spread, a melhoria do crédito e o estímulo à produção e ao consumo para gerar mais empregos, distribuir renda e alavancar o desenvolvimento econômico e social do País".
Carlos Cordeiro, pte da Contraf-CUT.

Enfático, o presidente da Contraf-CUT contesta "as lágrimas de crocodilo" dos bancos. "Eles possuem uma lucratividade muito alta e invejável na economia brasileira. Vivem fazendo aquisições e fusões, onde só eles ganham. Hoje, meia dúzia de instituições concentra 90% do sistema financeiro, acumulando lucros gigantescos, sem oferecer contrapartidas para a sociedade, que paga os juros mais altos do mundo, tarifas abusivas, spread nas alturas e bônus milionários para altos executivos. Além disso, é um dos setores que menos gera empregos no país".

Taxa do cartão de crédito nas alturas -  A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) mostra que a taxa do cartão de crédito no Brasil é a mais alta na comparação com cinco países da América do Sul e o México. A soma das taxas dos seis países não chega ao valor médio dos juros cobrados pelas operadoras de cartão de crédito no Brasil.

 Segundo a Proteste, o brasileiro pagava no início do ano uma taxa média de juros de 237,9% ao ano. Isto é quase cinco vezes superior à da Argentina, que aparece na segunda colocação com uma taxa média de 50% ao ano. Atrás da Argentina aparece o Chile, com taxa média de 40,7%, seguido pelo Peru, com taxa de 40%, o México, com taxa de 36,2%, e a Venezuela, com taxa de 29%. A menor taxa foi a da Colômbia, com taxa média de juros de 28,5% ao ano no cartão de crédito.

A Contraf-CUT defende a realização de uma Conferência nacional do Sistema Financeiro. "Queremos discutir com a sociedade o papel dos bancos. Como concessões públicas, eles têm de prestar contas à nação e colaborar com o desenvolvimento econômico e social do país. O que fazem hoje, ao oferecer crédito prioritariamente para o consumo em detrimento da produção e com juros altíssimos, é exatamente o inverso do que a sociedade espera", diz Carlos Cordeiro.

E a velha mídia, o que disse?

O ex-bancário, jornalista, santareno e professor de Comunicação da UNB, Samuel Lima, em primoroso artigo publicado no Blog do Jeso, que a notícia histórica da baixa da taxa de juros no BB e Caixa não foi tratada com a memória e o contexto merecedores. Nenhum infográfico, tabela ou informação que ajudasse o leitor a compreender o alcance da medida, caso a regulação dos bancos públicos seja eficaz e puxe o mercado à prática desejada pela sociedade.

Leia  todo o artigo:

 

Notícias sem memória, nem história


Samuel Lima.

Os dois maiores bancos públicos do país, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CEF), seguindo orientação de Estado, anunciaram a redução das taxas de juros para crédito aos clientes, como é o caso do cheque especial e cartões de crédito.
No BB caem de 13,62% para 3% os juros no crédito rotativo do cartão; na CEF, os encargos no cheque especial caíram de 8,01% para 1,35% ao mês. Nas páginas de O Globo e da Folha de S. Paulo, no entanto, essa notícia de caráter histórico é tratada sem nenhum contexto, nem memória.
Para começar, nas reportagens analisadas não há nenhuma menção aos lucros recordes do sistema financeiro, historicamente ancorados na espoliação de clientes (através de taxas de juros extorsivas), bem como no desvio da função primordial de um banco – que seria executar a intermediação financeira, estimulando a atividade produtiva na sociedade.
Os banqueiros “se acostumaram” a especular e extorquir dinheiro dos clientes, seja através de juros abusivos ou pela cobrança indiscriminada das tarifas, que somadas as receitas de prestação de serviços cobrem em mais de 100% as despesas de pessoal. Nenhum infográfico, tabela ou informação que ajudasse o leitor a compreender o alcance da medida, caso a regulação dos bancos públicos seja eficaz e puxe o mercado à prática desejada pela sociedade.
Febraban dispara antes…
No caso da Folha de S. Paulo, a primeira providência foi chamar o consultor Roberto Luis Troster, ex-economista chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que disparou em artigo (“Crédito a 2% ao mês? Não vai dar certo”):
Isso é inviável. Lamentavelmente, da maneira que está sendo lutada, é uma batalha perdida. Não é por falta de boa vontade ou de capacidade dos envolvidos. Sem subsídios ou prejuízos, não é possível. Os grandes bancos no Brasil não conseguem emprestar ao consumidor nesse patamar de taxas. Basta analisar seus balanços e verificar que as margens almejadas seriam deficitárias (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/35496-credito-a-2-ao-mes-nao-vai-dar-certo.shtml, acessada em 06/04/12, às 11h36).
Para Troster, que agrega ao seu local de “fala” o fato de ser também ex-professor da PUC-SP, Mackenzie e USP, “existem, sim, alguns abusos, mas são localizados. Os dois bancos citados e a maioria das outras instituições não praticam esses abusos”.
Como assim? E os lucros exorbitantes do sistema financeiro, incluindo os bancos públicos, foram gerados em cima de quê? Qual o impacto dos juros escorchantes e das apostas em títulos da dívida pública nos ganhos dos banqueiros? Quando os bancos voltarão a cumprir o papel de banco, ou seja, praticar a intermediação financeira sem espoliar clientes e a sociedade?
As fontes mobilizadas pela reportagem de O Globo também não esboçam qualquer discussão sobre o modelo do sistema bancário no país, tampouco falam de seus lucros estratosféricos. Considerando os cinco maiores bancos, o lucro líquido somado chegou aos R$ 50,7 bilhões, em 2011. Os dados são do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (DIEESE – Linha Bancários:http://www.dieese.org.br/esp/desempenhoBancos2011.pdf).
Também pudera, entre essas instituições (Banco do Brasil, CEF, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander), o índice de cobertura das despesas de pessoal com receitas de prestação de serviços e tarifas atinge 108,6%, na Caixa Federal, e chega ao máximo de 163,0% no Santander.
Banqueiros querem “compensação”
Voltando à reportagem d’O Globo, o texto abre espaço para os banqueiros que naturalmente não apostam na medida: “Os bancos privados avaliam que o spread (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final) somente cairá com a adoção de medidas de longo prazo, que melhorem as condições legais e tributárias e não apenas corte de juros “na canetada” (http://oglobo.globo.com/economia/apos-bb-caixa-baixarem-juros-bancos-privados-contra-atacam-4509664).
Mesmo sem contextualizar o assunto adequadamente, a matéria de Geralda Doca tem o mérito de trazer informações de bastidores que deixam claro a estratégia da Febraban: pressionar o governo Dilma a adotar medidas compensatórias (no tocante às garantias e à redução de impostos cobrados dos bancos).
Ainda que seja promissora a aposta do governo federal, ao orientar os bancos públicos a praticarem taxas de juros mais baixas, é mister lembrar que uma taxa de juros de 1,35% (ao mês) no cheque especial (oferta da CEF) resulta num encargo anual de 17,45% enquanto a taxa básica de juros da economia (SELIC) é de 9,75% – com tendência de fechar 2012 abaixo dos 9%, segundo indicações do Comitê de Política Monetária.
No texto de O Globo, fontes off fazem uma outra afirmação categórica: BB e CEF terão seus lucros reduzidos em R$ 2,5 bilhões por ano. A pergunta é: quem estaria ganhando? Os tomadores de crédito? A economia do país?
A necessidade da contextualização dos fatos é algo cada vez mais essencial ao jornalismo, no alvorecer desse novo ecossistema midiático digital, marcado pela notícia em tempo real. Sem isso, os fatos parecem flutuar sem nexo na espiral de informações infinda que não para de circular, a cada instante nos portais online.
Deixar banqueiros (e seus modelos de negócios) “à sombra”, num debate dessa natureza, transforma a matéria-prima do jornalismo, em sua perspectiva de servir à sociedade, como brotos, à flora da terra…
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* Santareno, é docente da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC/UnB). Professor-visitante do curso de jornalismo da UFSC e pesquisador do objETHOS. Escreve regularmente neste blog.
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