sábado, 21 de abril de 2012

É preciso transparência na divulgação do que efetivamente reduziu de taxas de juros nos bancos

A redução da taxa de juros joga R$ 10 bilhões na economia.

Pra nós, da Articulação Bancária, há três pontos a observar na queda de juros nos bancos:

1º) exigir de todos os bancos, públicos e privados, transparência na divulgação das taxas de juros praticadas antes e depois da redução, em cada linha de crédito, senão o banco diz que baixou a taxa, isso só acontece em algumas faixas e vira só peça de marketing sem ser a realidade;

2º) que haja orientação de que o crédito seja prioritariamente para a produção e não só para o consumo. Por exemplo, investir na economia solidária, em pequenos negócios;

3º) que se aumente a oferta de crédito, que hoje é 49% do PIB e nos países desenvolvidos chega ser o dobro.


Carlos Cordeiro, ContrafCUT
É o que nós, do movimento sindical cutista do ramo financeiro estamos reivindicando e que o presidente da ContrafCUT, Carlos Cordeiro (Carlão) fala no site da nossa Confederação. 

Como diz Carlão, "a estratégia do governo de usar os bancos públicos para forçar o sistema financeiro a baixar os juros e o spread bancário, que era uma reivindicação do movimento sindical, foi acertada e já surtiu os primeiros efeitos. Mas a diminuição feita, sobretudo, pelos bancos privados ainda é muito pequena, nebulosa e restrita, não atingindo todas as modalidades de crédito. A queda nos juros precisa ser ampla, transparente e não pode ser uma jogada de marketing diante da pressão do governo e da sociedade".

Aproveitando o embalo do assunto, o Arte Bancária recomenda a leitura integral da excelente entrevista que o presidente nacional da CUT, Artur Henrique concedeu à revista Teoria e Debate.

Artur Henrique faz uma ótima análise da conjuntura, a quebradeira na Europa, na Grécia e como isso pode nos atingir. Também, por que é fundamental ter uma agenda sindical unificada e atuante para pressionar o governo a avançar na construção do trabalho decente e no combate à terceirização, às privatizações e à intensa rotatividade.

É uma leitura imperdível. Com todos os pingos no iis.

Teoria e Debate - Há uma crítica à política econômica do governo em relação à taxa de juros básica, baixada recentemente a um dígito. Qual é a proposta?
Artur Henrique, CUT Nacional
Artur Henrique  - É fundamental continuar esse processo de redução da Selic, mas isso só não basta. O grande problema é que tanto pessoas jurídicas quanto físicas estão pagando uma taxa de juro bancária altamente prejudicial à produção e ao consumo. Se comprarem um produto e financiá-lo com cheque especial, pagam até 40% de juro ao mês. Se comprarem com cartão de crédito, pagam 240% ao ano. Talvez isso explique os lucros estratosféricos do sistema financeiro.
Queremos discutir o papel dos bancos públicos. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal têm de reduzir a taxa, o chamado spread bancário. Esses bancos não podem atuar para ser lucrativos e comerciais, como o Itaú e o Bradesco. Devem ter a função social de um banco público, que concede empréstimos para programas como o Minha Casa, Minha Vida, ou todo financiamento de políticas públicas e sociais.
Teoria e Debate - Empréstimo consignado, por exemplo.


Artur Henrique - Mesmo o empréstimo consignado chegou a ter juro a 22%. Quando o Marinho era o presidente da CUT, chamamos uma reunião com os bancos justamente para reduzir a taxa de juro do consignado.

Os bancos alegavam que o spread era caro porque havia risco de inadimplência. Nós propusemos fazer empréstimo consignado na folha de pagamentos, limitado a 30% da renda. Não havia risco. Em um primeiro momento, baixou o juro do crédito consignado.
Esse esforço no sentido de reduzir o spread bancário é essencial, e para isso é preciso ter medidas governamentais fortes, como fazer com que o BB e a CEF tenham um papel mais ativo.

O Brasil, diferentemente dos outros países, tem depósito compulsório. O Banco Central retém uma parte dos recursos dos bancos. Por que não ter um instrumento de política monetária em que seja liberado dinheiro para bancos que tenham crédito mais baixo para aplicar na produção? Assim teríamos um juro menor, mais dinheiro no mercado, para bancos que se comprometerem com investimento de longo prazo, em infraestrutura.

A CUT está propondo chamar uma conferência nacional do sistema financeiro, com todos os atores, para debater o papel dos bancos privados e públicos, dos fundos de pensão, dos fundos de investimento, como o FGTS e o FAT. Tem banco que faz campanha dizendo que tem responsabilidade social porque planta meia dúzia de árvores ou constrói uma creche. Queremos discutir se o Brasil quer ser a sexta potência do mundo, como se desenvolve do ponto de vista sustentável, com melhor distribuição de renda, com valorização do trabalho, inclusão social.

O banco tem de ter um papel na sociedade. O único que empresta a longo prazo hoje é o BNDES. E faz isso, na minha opinião, com uma visão que também precisa ser rediscutida, porque empresta para grandes empresas brasileiras se tornarem internacionais. Queremos debater com o governo o papel de micro e pequenas empresas, economia solidária, que têm enorme importância do ponto de vista da economia real. O Banco do Nordeste Brasileiro fez no último ano cerca de R$ 11 bilhões de empréstimos para a economia solidária; 80% para mulheres donas do próprio negócio.

Um micro e pequeno empresário,  para investir, se implantar no Brasil ou ampliar seus negócios, enfrenta as regras de empréstimo draconianas.


Clique aqui e leia toda a entrevista de Artur Henrique à Teoria e Debate.

Um comentário:

  1. O Banco do Brasil, Caixa Econômica e até os bancos privados diminuíram seus juros até pela metade, mas o Banpará continua tirando o couro dos servidores estaduais com o famigerado “banpará card” que é de 5,9% ao mês, um assalto!E porque só os servidores do TJE, prodepa e Igeprev tem emprestimos menores no consignado?

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