quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bancos privados chiaram muito, mas começaram a baixar os juros. Agora, precisa contratar mais gente. E logo!

Como disse hoje em seu facebook a editora geral deste blog, companheira Vera Paoloni, "bancos privados chiaram, mas ontem começaram a baixar os juros, confirmando que o Estado precisa regular o mercado e cada vez mais. Valeu, presidenta Dilma!

Agora, BB e Caixa precisam agilizar a contratação urgente de mais bancários, pois com a queda de juros agências tão mais lotadas que nunca. E os bancos privados (Itaú, Bradesco, HSBC ) precisam contratar bancários urgentemente, pois o lucro é imenso e o emprego é bem pouco nesse pedaço do setor financeiro.

A regulagem do governo federal precisa ser maior, para que a concessão de crédito não seja apenas para consumo, mas para a produção, viu Banpará, BB, Caixa, BNB, Banco da Amazônia e todos os bancos privados, como Itaú, Bradesco, HSBC?

É só assim que bancos darão alguma contrapartida à sociedade pela concessão pública que recebem para funcionar no país e em cada município brasileiro".

A queda dos juros, como diz o Nassif (artigo mais ao final) é a "maior mudança no ambiente econômico brasileiro desde que o Plano Real acabou com a inflação, mas deixou como herança as maiores taxas de juros do planeta e uma dívida que paralisou o crescimento público por 15 anos". 

Spread lá em cima

A queda da taxa de juros é algo histórico e inédito no país e mais do que necessária, sempre reivindicada pelo movimento sindical bancário e do ramo fiinanceiro.

Afinal é muito alto o spread bancário, isto é, a diferença entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e o quanto esse banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro.

Saca a diferença do spread praticado no Brasil e fora do país:

Brasil -     31,1%
Paraguai - 24,8%
Rússia -       4,8%
China -          3,1%
Argentina -  3,39%
Chile -            4,49%.
Japão -           1,1%.

Taxa média anual de jurosno Brasil é de 237,9%
No início do ano, o brasileiro pagava uma taxa média de juros de 237,9% ao ano. Agora, compare com outros países:

Brasil  -      237,9%
Argentina -  50%
Chile        -  40,7%
Peru          -  40%
México     -   36,2%
Venezuela -   28,5%


É demais da conta, não é?

Mas se entrar no vermelho, paga 2 carros, 2 tevês e só leva um bem
Um exemplo de como a taxa de juros lá em cima é ruim para o nosso bolso e para o país.

Imagine que um poupador invista seu dinheiro na caderneta de poupança. Vai receber 6,75% ao ano de rentabilidade, ou menos de 3% de ganho, descontada a inflação.

Se pedir dinheiro emprestado nos principais bancos privados do país e entrar no vermelho pagará pelo uso do cheque especial entre 170% e 224% anuais. E se comprar um carro ou uma TV financiados, com, a extorsiva taxa de juros, pagará 2 ou 2,5 carros e umas 3 tevês.

Acompanhe aqui o que pensam companheiros que lutam todos os dias para que os banqueiros cortem os juros e invistam o crédito prioririariamente na produção e não só no consumo:

==
Artur Henrique/CUT Nacional:precisamos de um modelo que distribua renda


Para o  atual presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, "o modelo neoliberal ditado pelo FMI, pelo Banco Mundial e pelo Banco Central Europeu faliu. Está cada vez mais claro que o Estado tem papel fundamental para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, coletivo e solidário, com participação popular e radicalização da democracia. Vivemos um momento em que apenas crescimento econômico não basta, necessitamos de um modelo que distribua renda”

E continua: “Mais do que possível, um novo mundo é necessário com a introdução de novos valores culturais que se contraponham aos valores e conceitos implementados e reproduzidos pela ideologia neoliberal, que afirmam o individualismo e a competitividade contra o coletivismo e a solidariedade para facilitar o domínio das transnacionais e do sistema financeiro. É preciso efetivarmos a função social da propriedade e implementar um imposto sobre transações financeiras“.

===

Bradesco entre os 50 maiores do mundo? Isso é importante apenas aos donos dos bancos, diz Vagner Freitas. 

 “Não  são só o BB e a CEF que tem que fazer política pública. Mas são os bancos públicos que estão financiando a produção e o crescimento, enquanto os privados ganham com a rotatividade fácil. Há cada vez mais bancos brasileiros ranqueados como os principais do mundo. O Bradesco e o Itaú ganham outro Bradesco e outro Itaú a cada quatro anos. E qual é a contrapartida disso para o Brasil? O que trouxe de ganho para a população ter o Itaú e o Bradesco entre os 50 maiores do mundo? Isso é importante só para os donos dos bancos. (Vagner Freitas, futuro presidente da CUT Nacional, em entrevista ao Valor).
== 


Carlos Cordeiro, presidente da ContrafCUT: queremos debater numa Conferência do Sistema Financeiro o papel dos bancos e a oferta de crédito prioritária para produção e não só para consumo. E mais empregos.

"Hoje, meia dúzia de instituições concentra 90% do sistema financeiro, acumulando lucros gigantescos, sem oferecer contrapartidas para a sociedade, que paga os juros mais altos do mundo, tarifas abusivas, spread nas alturas e bônus milionáriospara altos executivos. 

Queremos discutir com a sociedade o papel dos bancos. Como concessões públicas, eles têm de prestar contas à nação e colaborar com o desenvolvimento econômico e social do país. O que fazem hoje, ao oferecer crédito prioritariamente para o consumo em detrimento da produção e com juros altíssimos, é exatamente o inverso do que a sociedade espera. Para isso, precisamos de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, nos moldes de outras conferências setoriais realizadas pelo governo federal nos últimos anos, como saúde, educação, segurança pública e comunicação."
===

  Por Luis Nassif (*)

 Com a guerra ao spread bancário, a presidente Dilma Rousseff dá início ao lance mais audacioso da sua política econômica: o desmonte do aparato econômico introduzido pelo plano Real e que deixou praticamente todo o setor público à mercê do jogo financeiro.
Consistiu, de um lado, em redefinir a composição do Conselho Monetário Nacional (CMN), afastando representantes do meio empresarial e concentrando a decisão nas mãos do Banco Central. O BC tornou-se território exclusivo de bancos de investimento, pautando todas suas decisões pela ótica do mercado.
No plano federativo, instituiu-se a DRU (Desvinculação das Receitas da União), tirando recursos dos estados.
A partir de 1995, com a queda acentuada da atividade econômica – em função da alta pornográfica da taxa Selic -, os estados se viram quebrados. O governo então passou a condicionar empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social)  à venda das estatais estaduais. Como os títulos de dívidas dos estados pagavam um ágio absurdo sobre as já absurdas taxas Selic, houve a renegociação da dívida que enfiou goela abaixo dos estados contratos leoninos, praticamente acabando com sua autonomia financeira.
Conforme já demonstrado aqui, a política monetária impunha um preço altíssimo ao orçamento público – obrigado a bancar juros extorsivos – com efeitos quase irrelevantes sobre o custo do dinheiro, na ponta.
Entre as taxas de captação e de empréstimo dos bancos, os mais altos spreads do planeta.
Esse modelo pernicioso trouxe inúmeros prejuízos ao país. É verdade que criou um sistema financeiro robusto – e que terá papel relevante daqui para frente, quando as distorções forem corrigidas. Mas impediu o deslanche da atividade econômica, consumiu recursos preciosos para pagamento de juros, atrasou o desenvolvimento do mercado de capitais, devido ao primado da renda fixa.
Em fins de agosto passado, Dilma deu início ao desmonte do modelo financista. A primeira grande batalha foi a redução da taxa Selic pelo BC, provocando grita e terrorismo por parte de consultorias.
Nos meses seguintes, ao contrário dos prognósticos terroristas, a inflação começou a cair. Este ano deverá continuar caindo, exclusivamente porque influenciada pelos preços internacionais dos commodities – que começaram a cair.
Agora, começa a ofensiva pela queda dos spreads bancários, iniciando pela redução das taxas pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Nesse ínterim, Dilma firmou aliança com alguns dos grandes bancos privados que têm tradição histórica de colaboração com as diretrizes de governo.
Não se trata de voluntarismo, nem de atitudes imprudentes. No início haverá resistências localizadas dos bancos. Depois, com o pragmatismo que os caracteriza, sua energia deverá se voltar para ganhos de escala em um ambiente de spreads baixos.
Será a maior mudança no ambiente econômico brasileiro desde que o Plano Real acabou com a inflação, mas deixou como herança as maiores taxas de juros do planeta e uma dívida que paralisou o crescimento público por 15 anos.
(* ) Luís Nassif - Jornalista econômico e editor do sitewww.advivo.com.br/luisnassif

Edição: Arte Bancária. fontes: ContrafCUT, Carta Capital, Valor

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...