terça-feira, 24 de novembro de 2009

Banpará não será privatizado e nem encampado pelo BB, garante Cláudio Puty

Neste bloco da entrevista concedida ao Arte Bancária em 15 de novembro, Cláudio Puty assume que o governo Ana Júlia manterá o Banpará como banco público, sem privatizá-lo, mas mostra preocupações com a portabilidade, em 2011. Fala do banco da Amazônia e confirma que "estrutralmente, bancos não foram feitos para emprestar dinheiro a quem mais precisa". Nega a tese de que se eleito deputado federal, seja pré-candidato a prefeito de Belém.

E adianta a chapa em que votará em outubro de 2010.

N.R - O restante da entrevista e a os vídeos correspondentes serão postados logo mais à noite.

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Arte Bancária: O Governo Fernando Henrique Cardoso privatizou grande parte das empresas públicas do País, na área de telefonia, de sistema elétrico e também de bancos estaduais. A Governadora Ana Júlia pretende manter o Banco do Estado do Pará como instrumento de fomento ou existem planos de encampar o Banco do Estado pelo Banco do Brasil?

Claudio Puty: Neste momento não existe plano de encampar pelo banco do Brasil. O que nos preocupa... O banco do Pará melhorou muito. O banco do Pará teve um lucro que passou de seis milhões e foi multiplicado seis vezes. O que nos preocupa como gestão do Banpará é a portabilidade em 2011. É a possibilidade de que, aqueles correntistas do banco escolham onde receber seus salários, enfim, levem suas contas para outros bancos.

Isso será um desafio para o Banpará. Então vai ter um processo de concorrência gigantesca com o banco e a disposição da Governadora Ana Júlia é manter o banco enquanto banco viável, e por causa disso nós temos feito um esforço de modernização do banco do estado do Pará, com muitos desafios adiante, é bem verdade. Mas o seu compromisso é de não privatizar o Banco.

Arte Bancária: Em relação ao Banco da Amazônia a Governadora indicou o presidente do Banco e alguns diretores, porque que há tanta queixa dos movimentos que o Fundo Constitucional do Norte – O FNO – não chega com agilidade, rapidez e sem burocracia para os agricultores, para os pequenos produtores, ele é muito mais ágil para os grandes produtores?

Claudio Puty: Olha, isso você tem que perguntar para a direção do Banco da Amazônia, eu não sou a melhor pessoa, vou dar um palpite.

Na conversa com o Abdias Júnior [presidente do banco da Amazônia, por indicação da governadora] ele tem batido recordes no desembolso de FNO, tem sido uma gestão muito elogiada, muito séria, muito elogiada, inclusive a atual gestão do banvo da Amazônia ela rompe com uma história de indicações de loteamento político, da diretoria do Banco da Amazônia, que vinha desde a década de sessenta.

Eu sou filho de um funcionário do Banco da Amazônia e ele me conta as histórias do loteamento político das diretorias que causaram grandes prejuízos, inclusive materiais ao banco.

Então, agora essa história faz parte do passado. Nós temos uma diretoria técnica, escolhida pelo presidente do Banco da Amazônia, ele teve liberdade por parte do ministro de escolher sua diretoria e temos tido resultados, a meu ver excelentes.

Existe um problema estrutural, estruturalmente bancos não foram feitos para emprestar dinheiro para quem precisa, normalmente bancos são feitos para emprestar dinheiro para quem não precisa, essa chama – se a “regra de ouro” do sistema bancário. Mas no caso de um banco de desenvolvimento como o Banco da Amazônia, eles tem feito um esforço muito grande para mudar essa regra dourada.

No caso da região, provavelmente condicionantes de garantia são muito mais facilmente dados por aqueles que têm maior patrimônio, então é natural, essa é uma regra geral do sistema financeiro. Mas as informações que nós temos – como eu disse antes não tenho condições de avaliar da melhor maneira possível – é que a gestão tem sido uma gestão que tem dado uma virada histórica no Banco da Amazônia, que tem enfrentado resultados, por conta de no passado terem feito decisões de investimento com base em critérios pouco louváveis.

Arte Bancária - Bom, o senhor é candidatíssimo a deputado federal. Imaginemos que o senhor seja eleito, o senhor é pré – candidato à Prefeitura Municipal de Belém?

Claudio Puty: A minha decisão de ser candidato a deputado federal, que tem sido discutida, ela vai depender até o último minuto da vontade da governadora, porque o meu compromisso é com o seu Governo, para que ela se reeleja, para que seu Governo dê certo. Se a Governadora continuar avaliando que a minha candidatura ajuda o seu Governo, eu sou candidato.

Agora, a candidatura a Prefeito, eu nunca tinha ouvido falar nisso, pra te dizer a verdade. Eu sou a favor da tese que no longo prazo estamos todos mortos. Então é melhor nós pensarmos no curto prazo, no Governo, nas questões cotidianas, porque senão não ajuda nem o Governo, cria uma especulação dos diabos no PT e particularmente a mim não ajuda a nada.

Arte Bancária: Secretário, o senhor passou dez anos fora estudando em outros Países e ficou fora dos embates políticos nos estado, em Belém, e agora o senhor é o Chefe da Casa Civil que é a super – secretaria do Governo Ana Júlia. Como começou a sua militância política e o que significa ficar dez anos fora, voltar e de repente assumir a chefia da Casa Civil?

Claudio Puty: Eu já tinha voltado há um tempinho.

Eu voltei pra cá pra Belém em 2004, dois anos antes da vitória da Governadora e assumi o Governo em 2007.

Morar no exterior não significa que você não venha, não conheça sua terra, não tenha compromissos nem nada.

Obviamente, acho era o Nelson Rodrigues que falava que por causa do complexo de vira–lata do brasileiro, basta morar no exterior que vira gênio, eu também não sou favorável a essa tese (risos). Mas a minha militância política começa por influência da minha família, meus pais foram militantes estudantis, meu pai, você sabe disso, foi militante da oposição bancária, foi fundador da AEBA, primeiro presidente da AEBA, muito envolvido com as questões sindicais, então nesse ambiente que eu cresci.

Fui simpatizante do PCB por influência do meu pai por um bom um tempo, quando eu era secundarista, fui representante de turma, tive uma insipiente militância secundarista, já nos últimos anos do segundo grau e foi militar mesmo na universidade, quando tive contato com o PT.

Me apaixonou muito, gostei muito, do partido, da militância estudantil, meu sonho sempre foi ser militante partidário e socialista. Lembro que quando eu tinha sete anos de idade eu perguntei pro meu pai: “Pai o que é direita e o que é esquerda?” Aí ele fez uma explicação lá que eu não entendi muito bem, ai eu perguntei: “Então pai, o que é certo: ser de direita ou de esquerda"? falou: “De esquerda e não me enche mais o saco”. (risos)

Arte Bancária: Então o senhor acabou vindo pro PT e tal e está hoje aqui. Vamos imaginar uma cena: 2010, 5 de outubro de 2010, o senhor a urna. Qual é a sua chapa?

Claudio Puty: Dilma, obviamente, Paulo Rocha, o candidato do PMDB que for escolhido, espero que eles estejam na chapa com a gente. A Governadora Ana Júlia. Se eu for candidato, pelo menos um voto eu vou ter, que é o meu (risos). E o deputado estadual nós ainda vamos ver, porque tem vários candidatos do PT e não é uma coisa muito saudável um candidato que precisa de apoio de tantos deputados estaduais declarar voto.

Vou trabalhar para que vários companheiros, socialistas, do PT, possam ser eleitos para que nós possamos ter uma bancada comprometida com a luta pela transformação profunda do Brasil.

(Da redação do Arte Bancária)

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