domingo, 13 de dezembro de 2009

CONVERSA FIADA DE DOMINGO

Do Castagna Maia, publicado em 23.agosto.2009


Há dois momentos na história que me perturbam particularmente. O primeiro, a captura de escravos na África para serem vendidos aos traficantes de gente. É que a captura era feita por negros que mantinham negócios com os traficantes de escravos. Entregavam sua própria gente em troca de dinheiro. O segundo momento são os campos de concentração nazistas. Há uma curiosidade que pouco se fala. É que, em boa parte dos campos, a vigilância interna era feita por judeus cooptados. Eram uns poucos judeus que, achando que se salvariam, prestavam serviços aos nazistas, inclusive dedurando eventual conspiração de fuga. Agradavam aos homicidas na esperança de serem poupados.

II

Mais um trabalhador sem terra assassinado no Rio Grande do Sul.

Que a estrutura fundiária brasileira é um absurdo, isso é pacífico. Até os militares tinham o seu Estatuto da Terra. Boa parte das grandes fortunas agrícolas se deram a partir da simples grilagem, inclusive, ou principalmente, de terras públicas. Terras públicas, a propósito, sequer podem ser objeto de usucapião. No Pará, o Ministério Público denuncia que terras do banqueiro Daniel Dantas seriam griladas, e que por ali se daria a lavagem de dinheiro. O ódio dos beneficiários da grilagem – do roubo, pois – é esperado. O que surpreende é a reação de outros, que não são beneficiários de gatunagem, mas acham absurdo o protesto organizado em defesa de direitos. Ou seja, não defendo meu direito por falta de coragem, ou por falta de dignidade, e também não admito que outros defendam o seu.

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