sexta-feira, 15 de julho de 2011

Bancário do Banpará sequestrado com a família realça fragilidade da segurança bancária.

Até o instante em que registramos esta notícia, continua o sequestro de bancário e seus familiares do Banpará em Bragança, a 210 quilômetros de Belém. O sequestro ocorreu durante a madrugada, o bancário foi até a agência buscar o dinheiro exigido pelos assaltantes e foi levado como refém. A polícia já cercou toda a agência.

Quanto mais tempo demora e com os assaltantes tendo nas mãos bancário e seus familiares, mais risco correm esses trabalhadores.

Até publicarmos este post, as áreas de saúde, segurança e auditoria do Banpará continuam em Belém, por falta de carro, o que é inadmissível.

Este blog criticou duramente a diretoria do banco pela forma atropelada com que destituiu o chefe da segurança, e apresentou propostas para que a área de segurança bancária do Banpará tenha mais autonomia e agilidade.

E as entidades sindicais protocolocaram ofício junto à presidência do Banpará no dia 7 de julho/11, historiando a situação e apresentando propostas bem simples e assertivas para a área de segurança bancária. Até hoje, não tem qualquer resposta por parte do banco.

Esta é a síntese das propostas (observe que na letra f, as entidades já apontavam a necessidade urgente de ter orçamento próprio, rapidez):

a) A revogação da portaria 072/2011, o que reconduzirá o funcionário Cláudio Maués da Serra Freire à função de gerente da área de segurança bancária, engenharia e medicina do trabalho;

b) Que a área de segurança retorne à condição de Núcleo, desta vez ligado diretamente à presidência do Banco, garantindo assim, efetivamente, necessária celeridade nos procedimentos do setor;

c) Que sejam contratados e capacitados mais quatro agentes de área para o setor de segurança;

d) Que a área de segurança passe a atuar em local apropriado como por exemplo no 2º andar do prédio na Av. Nazaré, local central e onde há espaço suficiente para instalação dos equipamentos necessários para o bom desempenho da área;

e) Que sejam feitos os investimentos em tecnologia da informação já solicitados pela equipe de segurança do Banco, como por exemplo, a central de monitoramento remoto;

f) Que a área de segurança tenha orçamento próprio para custeio e projetos como já ocorre em todos os Bancos que estão, de fato, preocupados com a segurança bancária, com a prevenção e com a proteção à vida e ao patrimônio público.

Clique na imagem acima para ver a primeira página do ofício e leia a seguir todo o conteúdo do documento:


OF: 133/2011

Ao
Sr. Augusto Sérgio Amorim
MD Presidente do BANPARÁ

Sr. Presidente,

O balanço do primeiro trimestre de gestão da nova diretoria do BANPARÁ não é positivo no que
diz respeito à relação entre administração e funcionários; estes têm colhido mais dissabores que
alegrias sob a nova direção que tem a frente o Sr. Augusto Sérgio Amorim, senão vejamos:

1) Dias depois de assumir o comando do Banco estatal, e após afirmar para as entidades representativas dos funcionários que desejava o diálogo e o compartilhamento de decisões, o Presidente destituiu sumariamente de suas funções alguns empregados com mais de dez anos de comissão, inquestionavelmente competentes no desempenho de suas atribuições;

2) Passando por cima da vontade dos funcionários, antes considerada por meio da instalação de um Grupo de Trabalho Paritário para construir um Plano de Cargos e Salários, definido e celebrado em acordo entre a empresa e a representação dos funcionários, o Banco decidiu, por conta própria, decretar o fim do GT/PCS, sem a conclusão das etapas seguintes como, por exemplo a que trata da evolução funcional, o que afetará consideravelmente as vidas financeiras dos funcionários, pois a progressão na tabela por antiguidade de quatro em quatro anos, não se coaduna com o encaminhamento dado pelo GT Paritário e pelo DIEESE, já que muitos são os funcionários enquadrados em níveis iniciais da tabela e que estão há poucos anos da aposentadoria, sem que tenham possibilidade de chegar a um salário digno para continuar vivendo como aposentados;

3) Em sua primeira reunião de administradores, foi público e notório o tratamento descortês
dado pela Presidência do BANPARÁ a um dos gerentes do interior. Depois, em nova reunião, também de administradores das Unidades Bancárias, o Presidente do Banco anunciou, como um ato unilateral da empresa, o aumento das comissões do corpo gerencial e uma injusta reclassificação das agências que tem como única lógica o desempenho financeiro e a comparação entre unidades tão diferentes sob todos os aspectos. Fomos surpreendidos também com descomissionamentos sumários em série no setor de engenharia e na área de comunicação do Banco;

4) Poucos dias se passaram e soubemos que um funcionário da Superintendência de Tecnologia havia sido dispensado sumariamente, sem que o mesmo tivesse tido a mínima chance de apresentar o contraditório acerca do que lhe estava sendo imputado, em total afronta à Constituição Federal de 1988, que em seu Art. 5º, LV, determina que a todos os litigantes em processo administrativo ou judicial deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa, e sem que o Comitê Disciplinar fosse acessado para que pudesse se posicionar e manifestar o seu entendimento sobre a conduta funcional, ferindo de morte, também, outra fonte de direito formal e material dos empregados do BANPARÁ. Houve um ataque à proteção do emprego, passando por cima de um justo processo, onde poderia ter sido aplicada, dependendo da gravidade do feito, penalidade de advertência, censura, severa censura, suspensão e, em último caso a dispensa;

5) Diante das denúncias de fraudes e desvios de recursos públicos na Assembléia Legislativa - ALEPA, a direção do Banco demorou a se manifestar, mesmo quando, desde as primeiras matérias jornalísticas, estava clara a tentativa de envolvimento, por parte da imprensa, dos bancários do BANPARÁ nos esquemas criminosos da ALEPA. Após um silêncio comprometedor, a direção do Banco, quando resolveu se manifestar, soltou uma nota
trazendo para si uma responsabilidade que não possui e que nem o Ministério Público, à frente das investigações está cobrando do BANPARÁ e, mais lamentável, a nota expõe completamente os bancários que são, sem dúvida alguma, vítimas do assédio moral de políticos desonestos e corruptos em um sistema de poder com o qual o BANPARÁ coaduna, já que em nível de direção, os bancários eram autorizados a proceder ferindo os normativos do Banco para não contrariar os interesses dos poderosos. Quem tem que pagar moral e financeiramente esta conta são os verdadeiros corruptos e não os trabalhadores ou o dinheiro público!

6) Por fim, novamente mais uma ação que demonstra a falta de preparo administrativo e a
dureza na relação com os empregados, praticada pela diretoria do BANPARÁ. A sumária,
destituição do engenheiro do trabalho, gerente da área de segurança e saúde, Sr. Cláudio
Maués da Serra Freire, exímio conhecedor de suas atividades e hábil coordenador na condução de seu trabalho, isso porque detém o pleno conhecimento adquirido nos seus 30 anos de dedicação ao BANPARÁ e em toda a capacitação vivenciada no ofício.

Em 2010 o BANPARÁ foi o recordista de assaltos na modalidade “sapatinho”, e Serra Freire,
mesmo contando com uma equipe reduzida, com precários recursos, com um comando
institucional altamente burocrático e apesar dos problemas de saúde, principalmente pelo
estresse, conseguiu se superar e comandar soluções que foram bem sucedidas. A equipe
de Segurança, sob a coordenação de Serra Freire, realizou um trabalho no BANPARÁ
reconhecido pelas entidades de classes e pelos próprios funcionários, na prevenção e
proteção à vida e ao patrimônio público o que apenas a atual direção do BANPARÁ não
enxerga porque não tem visão sistêmica de segurança e pensa somente em reduzir custos.

Não percebe a direção que os gastos com a segurança não podem ser considerados despesas e sim investimentos.

No momento em que o funcionalismo, de um modo geral, aguardava com certa expectativa,

a aprovação da proposta apresentada no Encontro Estadual do Banpará que solicita a elevação da Gerência de Segurança a um setor ligado à Presidência e, portanto, com mais autonomia para agir e melhorar a segurança bancária, vimos, com decepção, essa área tão essencial e estratégica sendo desmontada e reduzida a mera área administrativa.

Não se pode jogar fora o dinheiro público e, nesse caso, é o que está sendo feito. Não há como dizer o contrário, pois qual ou quais foram as justificativas apresentadas pela direção do banco que determinaram a destituição do Gerente de Segurança e Saúde do BANPARÁ?

Sabemos que o cargo pertence ao Banco, mas sabemos também que esse mesmo Banco exige qualificação para que se ocupe determinada vaga, até porque há Normas Regulamentares que assim determinam.

O Banco investiu nesse profissional para ter qualificação e capacitação técnica necessária para o desenvolvimento do seu trabalho e agora simplesmente o dispensou através de uma fria portaria, da forma mais arbitrária e equivocada, sem antes, ao menos conversar com o colega, expondo-o enquanto profissional diante dos demais e de todos os parceiros da segurança pública com os quais Serra Freire é extremamente articulado, por dever de ofício.

Pelos corredores, já se propagava a falta de participação dos funcionários da área e segurança em eventos importantes, como por exemplo, quando cancelaram a participação do representante da área nas reuniões mensais da FEBRABAN, que acontecem em São Paulo com o objetivo de sincronizar as ações dos bancos no combate à insegurança bancária.

Nas últimas tentativas de assaltos, ocorridas em 2011, todos os funcionários, vítimas diretas e indiretas, sentiram a ausência da área de segurança, já sob a determinação superior para que não houvesse o deslocamento dos representantes da saúde e da segurança aos locais de trabalho e, conseqüentemente, faltou apoio e cuidado com as vítimas.

Respeitamos o poder da empresa, todavia, entendemos que seus administradores devem ter por base o princípio do respeito à pessoa humana, e nisso incluímos os funcionários e a visão estratégica, atualizada e moderna que concebe a segurança bancária em toda a sua amplitude.

Não aceitamos a postura dos que usam o poder da caneta para decidir conforme a sua conveniência por atitudes isoladas, autoritárias, atrasadas, destoando do que as outras empresas do mesmo ramo têm escolhido como soluções para acertar nesse caminho tão espinhoso que é o da segurança corporativa. Ainda mais quando, sob a coordenação do Serra Freire, a área de segurança do BANPARÁ serviu de exemplo para o país inteiro, repercutindo positivamente a solução eficiente e eficaz que foi a instalação dos biombos de segurança entre os clientes e os caixas.

Lamentamos o retrocesso do Banpará no que tange a área de segurança bancária, o que está na contramão das outras instituições financeiras que investem em tecnologia, capacitação de seus profissionais e adquirem cada vez mais visão estratégica minimizando a burocracia e disponibilizando suporte suficiente para que suas áreas atuem de forma eficiente e preventiva.

Desejamos que a presidência do BANPARÁ retome o tom da conversa inicial e permita que
se possa construir conjuntamente as condições de trabalho e salário para que cheguem próximas ao ideal de respeito e consideração pela vida, como afirmou o Presidente na primeira audiência com as entidades.

Por fim, solicitamos, em caráter de urgência:

a) A revogação da portaria 072/2011, o que reconduzirá o funcionário Cláudio Maués da
Serra Freire à função de gerente da área de segurança bancária, engenharia e medicina
do trabalho;

b) Que a área de segurança retorne à condição de Núcleo, desta vez ligado diretamente
à presidência do Banco, garantindo assim, efetivamente, necessária celeridade nos
procedimentos do setor;

c) Que sejam contratados e capacitados mais quatro agentes de área para o setor de
segurança;

d) Que a área de segurança passe a atuar em local apropriado como por exemplo no 2º
andar do prédio na Av. Nazaré, local central e onde há espaço suficiente para instalação
dos equipamentos necessários para o bom desempenho da área;

e) Que sejam feitos os investimentos em tecnologia da informação já solicitados pela equipe
de segurança do Banco, como por exemplo, a central de monitoramento remoto;

f) Que a área de segurança tenha orçamento próprio para custeio e projetos como já ocorre
em todos os Bancos que estão, de fato, preocupados com a segurança bancária, com a
prevenção e com a proteção à vida e ao patrimônio público.

Atenciosamente,

Rosalina Amorim
PRESIDENTE DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO PARÁ

Tereza Cristina Quadros
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DA AFBEPA

Vera Paoloni
REPRESENTANTE DA FETEC/CN

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