quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bancos: lucros nas cabeças e final da fila na geração de emprego


Alta nos lucros e lanterna da geração de empregos. É esse o resumo econômico da atividade dos bancos nos primeiros 4 meses do ano. Dados divulgados pelas próprias instituições financeiras e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que o setor bate recordes positivos em seus balanços financeiros, mas o saldo de postos de trabalho ficou bem abaixo de outros setores da economia.

Levantamento feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, baseado na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ambos do MTE, divide a economia privada em 24 setores e faz 3 tipos de comparação entre eles: os 30 dias de abril deste ano contra os 30 dias de abril do ano passado; os 12 meses entre maio de 2008 e abril de 2009 contra maio de 2009 e abril de 2010; e o período entre janeiro e abril deste ano e do ano passado. As instituições financeiras ficaram em 24º e último lugar nas duas primeiras comparações e, no 23º posto na terceira, superando apenas o comércio varejista.

O saldo entre o número de demitidos e contratados nas instituições financeiras (bancos comerciais, múltiplos, de investimento e caixas econômicas) em abril de 2009 foi positivo em 0,31% em relação ao mesmo mês do ano passado. Também cresceu, 0,93%, no primeiro quadrimestre do ano contra o mesmo período de 2009, e melhorou 1,16% quando na comparação entre os últimos doze meses (maio de 2009 a abril de 2010) e os doze meses anteriores (maio de 2008 a abril de 2009). Apesar dos números positivos, uma comparação com demais setores da economia mostra que o resultado é pífio.

Segundo o Caged, o setor da construção civil, por exemplo, aumentou seu saldo em 1,61% entre os meses de abril, ou cinco vezes mais que os bancos. A indústria de calçados elevou o número de empregos em 10,21% entre janeiro e abril. Quase 11 vezes mais que as instituições financeiras. Nos últimos 12 meses, a metalúrgica subiu o saldo em 8,21%. Mais de sete vezes maior. E nem todas essas comparações foram feitas com os campeões das três listas em geração de postos de trabalho.

No geral, os bancos estão devendo. O país aumentou seu saldo em 0,91% se comparado abril de 2009 e 2010; 2,92% entre os primeiros trimestres e 5,96% nas comparações entre os últimos 12 meses.

A secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, destaca que já há reflexos de parte das 15 mil contratações na Caixa Federal e no Banco do Brasil, conquistadas pelos bancários na campanha nacional de 2009. “Se não fosse isso, certamente poderia ter havido até fechamento de postos da categoria.”

Às vésperas da próxima campanha nacional, o tema emprego continua entre as principais reivindicações da categoria. “As filas nas agências bancárias são apenas mais uma prova de que os bancos têm de contratar mais bancários. O aumento de postos ajudaria também na melhoria das condições de trabalho e saúde dos bancários, que atualmente são expostos a um ritmo intenso de trabalho”, ressalta Juvandia.

LucrosO vexatório resultado da geração de emprego nos bancos some quando o assunto é lucro. Os balanços do primeiro trimestre divulgados pelas próprias instituições financeiras mostram um aumento muito expressivo.

O Banco do Brasil, por exemplo, voltou a bater seu próprio recorde ao alcançar R$ 2,35 bilhões, crescimento de 41%. No Bradesco foi de R$ 2,103 bilhões, 22% maior. O Itaú Unibanco chegou a R$ 3,23 bilhões, alta de 60,5%, e o maior lucro da história para um primeiro trimestre. A Caixa superou os primeiros três meses de 2009 em 72% e chegou a R$ 777,5 milhões. O Santander também bateu seu recorde no país: R$ 1,763 bilhão, duas vezes mais do que o apurado um ano antes, sempre no primeiro trimestre.

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