sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nos 68 anos do Banco da Amazônia: mudar já, para evitar o desastre programado!

Hoje é o niver do Banco da Amazônia e nos 68 anos de existência do banco, o Arte Bancária parabeniza a instituição pela longa vida.

E endossa o brado feito por Aeba, Sindicato do Pará e Amapá, ContrafCUT e Fetec-Centro Norte: é preciso mudar - e já! - o rumo do banco, voltando à missão histórica e ampliando a presença na região. Com democracia e ouvindo a voz das bases.
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O Banco da Amazônia completa hoje 68 anos. Sempre foi um banco público, federal,
voltado para o desenvolvimento regional. Por isso, foi-lhe dada a gestão dos recursos do FNO.

É verdade que o posicionamento relativo da Região, como um todo tem melhorado.

Porém, estudos do IPEA revelam que as ações dos Fundos Constitucionais têm contribuído para
aumentar a concentração de renda intra-regional, ao privilegiar as áreas de maior dinamismo
econômico. Isso vem ocorrendo em virtude da adoção de uma política passiva de alocação de
recursos, ou seja, acomodatícia à demanda, ignorando que o mercado, deixadas às suas forças
agirem livremente, é concentrador.

Para reduzir essa concentração, o Banco deveria fazer-se presente em todas as
microrregiões visando:
  • identificar empreendedores potenciais em cada localidade;
  • apoiar a qualificação empresarial;
  • ofertar pré-projetos por produto/área;
  • articular com os órgãos parceiros para o aproveitamento das potencialidades locais;
  • além de fornecer Serviços Empresariais, em articulação com outros órgãos, como: pesquisar oportunidades de mercado internacional;
  • apoiar centrais de negócios para redes de micros, pequenas e médias empresas e também a disseminação de Incubadoras de Empresas, de sorte a criarem-se redes de transmissão de tecnologia empresarial.
Mas, para atender esses requisitos e evitar-se a concentração intrarregional, há que
se buscar a ampliação da presença na Região.

O Norte tem 449 municípios, mas o Banco da Amazônia só possui agências em 74 (16,5%, ou, em menos de um quinto). Por isso, precisa disseminar agências e postos de serviço em toda a Região, através de acordos com os Estados e Municípios, na forma de cessão, por estes, da infra-estrutura (espaço, mobiliários,equipamentos).

Para os locais reconhecidamente com inviabilidade econômica de se manter a presença institucional, periodicamente deslocar Agentes de Desenvolvimento, à semelhança do
Banco do Nordeste, com projetos pré-formatados voltados para as suas potencialidades.

Resultados do Novo Modelo de Negócios

Porém, isso se choca com a atual filosofia de privilegiar o modelo de banco comercial.

As Demonstrações Financeiras de 2009 publicadas oficialmente pela instituição revelaram que
nesse ano ocorreu “uma profunda reestruturação em seu modelo de atuação, a qual determinou
a adoção de Novo Modelo de Negócios, cujo principal pilar é o modelo comercial”.

Além de se configurar em uma distorção de foco, o Banco não dispõe de estrutura
suficiente para concorrer nesse segmento. Ausente em 72% (mais de dois terços) dos municípios
da Região e em 17 das 27 unidades federativas do país. Nessas condições, não é páreo para
qualquer disputa nesse target.

Conseqüência: o lucro líquido do Banco apresentou nos últimos períodos os seguintes
valores: 2008: R$ 215,9 milhões; 2009: R$ 26,3 milhões; 1º trimestre de 2010: registro de
prejuízos na ordem de R$ 54,3 milhões, com tendências de fechar o semestre em queda nos seus
resultados.

Nova filosofia configurou um redirecionamento sem êxito

De fato, essa nova filosofia, introduzida a partir de abril de 2008, configurou um
redirecionamento infeliz, tanto em termos de necessidades da Região como também na
capacidade negocial da empresa. Para a Região, porque esta é carente, em especial em seu
hinterland, do financiamento desenvolvimentista. E para a empresa, porque não tem porte e nem infraestrutura para terçar armas com os bancos públicos (BB e CEF, com maior capilaridade e serviços) e nem com os privados (que têm maior eficiência e recursos).

Nesse ponto, não podemos de deixar de destacar as nefastas consequências desse
processo de reestruturação sobre os empregados do Banco.

A categoria hoje se encontra profundamente insatisfeita, convivendo com extrema sobrecarga de tarefas e extrapolação da jornada de trabalho, seja diária ou semanal, sem a devida contraprestação do pagamento das horas extras, que muitas vezes sequer podem ser mensuradas por absoluta falta do ponto eletrônico. Uma sobrecarga que reflete um reduzido quadro de pessoal e que está sendo imposta pelas metas abusivas e práticas de assédio moral por parte de muitos gestores.

Em vista dos resultados negativos que o Banco vem obtendo, a categoria não consegue visualizar melhorias em suas condições de vida e trabalho, corroendo ainda mais sua autoestima.

É muito desestimulante que por equívocos de gestão a maioria de trabalhadores ainda conviva com a falta de solução para a CAPAF e da construção de um novo PCCS que contemple todas as peculiaridades dos cargos e funções e que os vencimentos estejam em consonância com os valores praticados no mercado, notadamente os dos TC’s, que se encontram altamente
aviltados.

Inexiste ainda uma política de atenção à saúde, que trate de forma equitativa os seus
empregados, assim como, a direção do Banco reluta em estender aos seus trabalhadores a mesma fórmula básica de distribuição de lucros e resultados, conquistada há muito tempo pela categoria bancária (CCT, PLR ,FENABAN).

Para piorar essa realidade, além da insegurança bancária, defrontamos ainda com as péssimas condições do processo tecnológico do Banco, apesar deste ter investido milhões de reais nestes últimos anos nessa área. Como o parque tecnológico não funciona eficazmente, os serviços não andam, ocasionando um alto estresse nos empregados, principalmente porque são eles que procuraram aparar as arestas, muitas vezes sob ofensas proferidas pelos usuários do Banco.

Mobilização para reverter essa situação

Como pode ser observada, a atual direção do Banco encaminhou uma opção estrategicamente errada. Isso se constata, inclusive nas metas exigidas às unidades operacionais (focadas na área comercial) e nos resultados alcançados conforme os números: os recursos a alocar do FNO aumentaram: de R$ 508,5 milhões (em 2008) para R$ R$ 1.228,8 milhões (em 2009), ou seja, 153,5% a mais. Enquanto isso, os recursos alocados desse Fundo em 2009 foram de apenas R$ 455,7 milhões contra R$ 840,5 milhões em 2008 (menos 51,5%).

Neste dia 9 de julho em que o Banco comemora seus 68 anos, as entidades que
abaixo subscrevem, conclamam todos os empregados a retomar as grandes mobilizações para
redirecionar, defender e fortalecer o Banco da Amazônia no caminho de sua missão histórica.

Só assim, poderemos reverter a frase mais dita nestes últimos tempos de que “se trabalha muito,
mas não se vê o resultado esperado”. Só com muitas mobilizações e lutas poderemos conquistar,
já a partir dessa campanha salarial 2010, o respeito, a dignidade e melhores condições de vida e
trabalho, com o atendimento de nossas principais reivindicações.

Para poder comemorar o aniversário e sinalizar longa vida ao banco da Amazônia, afirmamos que é preciso mudar já o rumo da instituição, fortalecendo a missão original e ampliando a presença na região, com investimento no desenvolvimento. (Fotos de arquivo do Arte Bancária, da campanha nacional de 2009, no Banco da Amazônia).

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