quinta-feira, 2 de maio de 2013

Terceirização: país de primeira não combina com emprego de terceira. E dia 14, governo federal abre mesa de negociação com a CUT e demais centrais. Tem que ser pra valer!

A cobrança firme da CUT deu resultado. No dia 14 de maio, a CUT e demais centrais sindicais serão recebidas pelo governo federal para tratar de 8 pontos da pauta de reivindicações da classe trabalhadora. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas cobrou pessoalmente o governo federal.

Em entrevistas e no feice, o tom de cobrança de  Vagner Freitas deu o tom da cobrança:

"Se o governo não atender nossas reivindicações, vamos pras ruas, vamos fazer greve, manifestações, mobilizações até que nos atendam."

São estes os 8 pontos que o governo vai negociar com as centrais sindicais na Mesa Nacional de Negociação no dia 14:

1 – Terceirização – a ideia é construir uma proposta alternativa ao PL da terceirização;

2 – Rotatividade -  construção de alternativa para combater a alta rotatividade que precariza o trabalho e é usada pelos empresários para reduzir salários – o trabalhador recém contratado ganha sempre menos do que o antigo que foi demitido.

 3 – Informalidade – as centrais e o governo vão discutir uma proposta para aumentar os índices de formalização dos trabalhadores.

 4 – Fortalecimento do Sistema Nacional de Intermediação de Mão de Obra (SINE) é outro item que a mesa de negociação vai discutir e buscar solução.

 5 – Política de apoio a aposentados – benefícios na área de medicamentos, cultura, lazer etc.

 6 – Regulamentação do trabalho doméstico. O Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional 72/2013, uma garantia de que os trabalhadores domésticos terão direitos como pagamento de horas extras, adicional noturno e FGTS como todas as outras categorias profissionais, mas falta regulamentar. O governo garantiu que as centrais sindicais vão participar de toda a discussão de cada um dos itens da regulamentação.

 7 – Participação das centrais sindicais nos conselhos do Pronatec e Pronacampo. Os sindicalistas querem discutir a implementação das políticas.

  8 – Regulamentação do direito de negociação do serviço público (Convenção 151 da OIT).

Ficaram de fora pontos importantes como o fim do fator previdenciário e redução de jornada para 40 horas semanais. A alegação do ministro Gilberto Carvalho é a de que o governo ainda não tem proposta com relação a esses dois itens.

***

 Passeio - A chapa 1 dos bancários e bancárias do Pará deu um passeio na eleição, ocorrida em 23, 24 e 25 de abril. A chapa 1, apoiada pela Contraf-CUT, Fetec-CN e a amplíssima base sindical combativa do país, já foi proclamada eleita com 631 votos à frente da chapa 2. Foram 2.368 votos pra 1 e 1.737 votos para 2. A festa da vitória será dia 31 de maio.

Agradecimentos a toda  a categoria bancária no Pará, e a todos e todas que lutaram e apoiaram esse trabalho, vindos de todo canto do país. Parabéns à direção do Sindicato dos Bancários do Pará, que teve seu trabalho consagrado nas urnas. Viva a democracia!

Agradecimentos especiais ao compa Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT que coordenou a eleição e sempre acompanha as mesas de negociação do banco da Amazônia.

É do Miguel Pereira o artigo sobre terceirização. Imperdível!!!

Miguel Pereira: país de primeira não combina com trabalho de terceira

Miguel Pereira, sec. Organização Contraf-CUT
 Neste 1º de Maio, a classe trabalhadora no Brasil comemora os 70 de existência da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), criada em 1943 por Getúlio Vargas. Mas, exatamente neste momento, corremos o risco de ver tanto a CLT como a Constituição Federal serem rasgadas pelo Congresso Nacional.

 Trata-se da proposta para a regulamentação da terceirização no Brasil, que se encontra para ser votada de forma terminativa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

A proposta de iniciativa dos deputados Sandro Mabel (PMDB-GO), Roberto Santiago (PSD-SP) e Artur Maia (PMDB-BA) prevê entre outros prejuízos à classe trabalhadora e a sua organização:

a) autorização para terceirização total do trabalho, sem limitação de fim ou meio, como hoje está estipulado pelo Enunciado 331 do TST, introduzindo apenas o conceito de empresa especializada como única exigência para autorização da terceirização. Todas as etapas do processo produtivo, no meio rural e urbano, setores público e privado, doravante poderão ser terceirizadas, levando à substituição gradativa dos contratados diretamente pelas empresas por prestadores de serviços terceirizados, substituindo o trabalho permanente pelo temporário e eventual:

b) tratamento diferenciado, com aplicação dos acordos coletivos ou convenções específicas de cada categoria. Isso levará ao pagamento de salários e benefícios financeiros cada vez menores, entre os terceirizados e os contratados diretamente, como já ocorre hoje;

c) pulverização das atuais categorias profissionais, de acordo com o serviço prestado pela empresa contratada, consolidando a divisão entre os trabalhadores, fragmentando suas lutas, reduzindo seu poder de mobilização e, por consequência, empobrecendo a classe trabalhadora e aumentando a concentração da riqueza em nosso país;

 d) substituição da exigência legal do concurso público para contratação dos servidores públicos, ampliando as possibilidades de desvios do dinheiro público e, em contrapartida, piora dos serviços prestados à sociedade;

e) a responsabilidade legal entre tomadores e prestadores de serviços fica estabelecida como subsidiária, o que atualmente já faz com que os trabalhadores terceirizados arquem com todos os tipos de prejuízos financeiros e previdenciários, como falta de pagamento de salários, férias, 13º salário, informalidade, não depósito no FGTS. Nos casos de acidentes de trabalho, isso é um retrocesso, pois a legislação atual já prevê nesses casos a responsabilidade solidária, por exemplo;

f) a implantação de figura dos PJs, empresas de uma única pessoa, como prestadoras de serviços. É volta da chamada Emenda 3 contra a qual lutamos contra a sua implementação no governo de FHC.

Por significar um retrocesso nas relações trabalhistas no Brasil, implodir todos os pilares do direito do trabalho previstos na CLT, justamente no momento que assistimos a ampliação do mercado formal de trabalho e uma gradativa melhora na renda dos trabalhadores é que a Contraf-CUT convoca os bancários a lutarem contra essa proposta que precariza o trabalho, pressionado os deputados que integram a CCJ.

Os trabalhadores e as trabalhadoras terceirizadas hoje no Brasil são vítimas das maiores injustiças. Jornadas de trabalho muito maiores, salários inferiores, péssimas condições de trabalho, todo tipo de discriminações e, pior, são as maiores vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.

 A cada 10 mortes no trabalho, 8 são trabalhadores terceirizados. Isso por conta dos poucos investimentos em formação e qualificação profissional e alta rotatividade no emprego, o que desmistifica o discurso de que a terceirização é utilizada para aumentar a especialização.

Diante da gravidade do cenário, exigimos que qualquer legislação que venha a regulamentar o trabalho terceirizado no Brasil assegure: valorização do trabalho e dignidade à pessoa do trabalhador. Trabalho igual, salário e benefícios iguais.

 A Contraf-CUT orienta a coleta de assinaturas no abaixo-assinado organizado pelo Fórum Nacional dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização. Portanto, neste 1º de Maio vamos mostrar toda a nossa indignação diante desse atentado aos direitos dos trabalhadores.

 Trabalho decente para todos e todas é o nosso lema.

 Miguel Pereira Secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT

Clique aqui para assinar o abaixo-assinado
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Mama África - A compa amazônida, paraense e vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, está hoje em Brazzaville, Congo, África. Partcipa do simpósio internacional dos Conselhos Desenvolvimento Econômicos e Sociais de vários países da África. Brasil é convidado e como conselheira do CDES e chefa da delegação brasileira, Carmen Foro vai falar amanha da experiência do Brasil em diálogo social e agricultura familiar como setor estratégico na produção de alimentos e a importância do papel das mulheres.

CUT, CUT.Pa, movimento de mulheres e classe trabalhadora muito bem representadas!!

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