quarta-feira, 18 de julho de 2012

HSBC flagrado em lavagem de dinheiro./ Governo precisa baixar a taxa SELIC rapidamente a 5%, tabelar serviços bancários e fazer já a Conferência Nacional do Sistema Financeiro

Uma investigação do Senado dos Estados Unidos flagrou o HSBC britânico com a boca na botija de lavagem de dinheiro em operações procedentes do tráfico de drogas e o financiamento do terrorismo. A investigação revelou como o fraco controle sobre o HSBC fez com que o maior banco europeu ficasse vulnerável ao dinheiro sujo de todo o mundo, funcionando, muito provavelmente, como uma lavanderia de dinheiro.

O anúncio provou a queda de um alto executivo do HSBC, que renunciou ao cargo nesta terça 17.

A falta de regulação dos bancos tem sido sistematicamente denunciada pela  ContrafCUT. A valorosa Confederação cutista que neste final de semana reúne em Curitiba 700 delegados e delegadas em conferência nacional,  tem pregado no deserto sobre a urgente necessidade de regulamentação do sistema financeiro e que esse aregulamentação implica em maior controle social e que a sociedade debata amplamente o que quer dos bancos e do sistema financeiro. A ContrafCUT tem proposto ao governo que faça uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro. E que a sociedade diga o quer dos bancos e como quer o serviço bancário e quanto aceita pagar de juros e tantas taxas escondidas por essa prestação de serviço.

Aliás, a taxa anualizada de juros caiu muito pouco de abril para maio: de 106,99% ao ano para 105,36%. No artigo a seguir, publicado no blog do Zé Dirceu, o engenheiro e mestre em finanças públicas, Amir Khair diz que o  governo precisa tomar medidas para forçar de verdade a concorrência entre os bancos. E propõe medidas como o tabelamento dos serviços bancários; baixar a Selic mais rapidamente a 5% ao ano, que é a média dos países emergentes.

“Governo precisa gerar concorrência de fato entre os bancos”

Nas palavras do engenheiro e mestre em finanças públicas pela EAESP/FGV, Amir Khair, depois de tanta fumaça promovida por iniciativas do governo de baixar os percentuais no crédito à pessoa física pelos bancos públicos, mesmo com o crescimento da participação destes (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, principalmente) para um pouco mais de 40% no crédito às pessoas físicas, há muito pouco fogo. 

Veja os números: a taxa anualizada dos juros pagos pelas pessoas físicas que recorrem a empréstimos no Brasil caiu muito pouco de abril para maio – de 106,99% ao ano para 105,36%. Mas, pior que isso, voltou a subir para 105,82% de maio para junho.

Pode até parecer piada, diz Amir, que foi secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo (1989/92), na gestão da ex-prefeita Luíza Erundina. Mas não é. E só há um jeito de fazer essas taxas, que ele qualifica como exorbitantes, caírem realmente a patamares razoáveis: aumentando a concorrência no mercado de crédito, uma das travas fundamentais que têm que ser removidas para a economia brasileira voltar a crescer, diz Khair.

“A receita é simples”, explica, de forma didática, o especialista. “Utilizar os bancos públicos para fazer baixar as taxas de juros no crédito ao consumidor tem dado um resultado muito pequeno.  

O governo precisa tomar medidas para forçar de verdade a concorrência entre os bancos”. Como fazer isso?
Como os bancos ganham dinheiro
“Os ganhos dos bancos vêm essencialmente de três fontes. A primeira é a das tarifas bancárias para a prestação dos serviços aos correntistas. São escorchantes. A segunda é o que se chama ‘ganhos de tesouraria’, que é a rolagem da dívida pública e está atrelada à taxa Selic. Mesmo com as reduções promovidas pelo Banco Centralo, ainda é uma das mais elevadas do mundo. A terceira, do crédito, cujas taxas ainda são muito altas”, diz.

Segundo Khair, para obrigar os bancos a concorrerem entre si, não adianta falar para a imprensa que eles precisam fazer isso, coisa que não comove em absoluto os banqueiros. Tem que “secar” as duas primeiras fontes de receitas, para que eles corram atrás dos clientes tentando emprestar dinheiro a eles. Daí sim, viria a concorrência.

Assim, o governo deveria tabelar os serviços bancários, acabando com a festa atual, em que os bancos cobram o quanto querem e ganham fábulas de dinheiro com isso. Em segundo lugar, o governo deveria baixar a Selic mais rapidamente, para algo como 5% ao ano, que é a média dos países emergentes. Assim os bancos não engordariam suas receitas via tesouraria. Tomadas essas duas medidas, aí sim haveria concorrência efetiva, diz o especialista em finanças públicas.

Descobrir o que é fumaça e o que é fogo


A pergunta é inevitável: o que aconteceu afinal com tudo o que foi escrito nos jornais e falado nos telejornais sobre a redução dos juros ao tomador?

“Os juros que o banco realmente cobra, inclusive os bancos públicos, não é aquele que ele informa ao Banco Central ou que sai publicado nos jornais. No final das contas, o tomador vai estar sentado em frente ao gerente do banco, este vai olhar para a cara dele e decidir quanto vai cobrar de juros. Esses juros, que são os juros reais, aparecem no relatório mensal da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC)”, explica Khair.

Quem quiser fazer a experiência, basta clicar aqui e entrar na área dos relatórios mensais da ANEFAC sobre os juros na economia brasileira.

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