sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Emprego, desenvolvimento: o Brasil pode ousar mais, diz Pochmann

A ContrafCUT vem propondo um debate nacional sobre o sistema financeiro, uma conferência que debata o papel de todos os bancos, abrangência, taxa de juros,altíssimos lucros, qual a contrapartida social do sistema financeiro sobre emprego, segurança, crédito, quantidade e qualidade do crédito. O Brasil é hoje a 5ª potência do mundo, mas a desigualdade se mantém em pé.


O país precisa ousar mais, diz o presidente do IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Márcio Pochmann, nesta excelente entrevista concedida ao Zé Dirceu e publicada em seu blog.

O Arte Bancária deseja um bom carnaval, com muita folia e muita alegria, camisinha e só dirigir se não tiver bebido.

Até a quinta-feira da próxima semana e não deixem de ler toda a entrevista de Pochmann. Abaixo, apenas um trechinho dela: 



É uma coisa estranha que, em um país como o nosso, com mais de 190 milhões de habitantes, haja apenas 170 bancos. Os EUA têm mais de 7 mil bancos, a Alemanha mais de 3 mil. Nós precisamos ter bancos mais vigorosos para operar não só dentro do Brasil, mas também lá fora.
[Dirceu] Tirando os públicos que somam 50% do mercado (e são os que nos salvam), nós temos apenas três bancos: Itaú/Unibanco, Bradesco – brasileiros - e o espanhol Santander. Essa questão do sistema bancário é gravíssima e os juros são altos só por isso, não tem concorrência.

[Pochmann] O discurso tucano em 1994/1995 para defender a privatização no setor financeiro era de que o setor bancário brasileiro era ineficiente porque tinha muito banco público. Não que não houvesse problemas nos bancos públicos, mas não precisava jogar a água suja com a criança dentro. Diziam que também era um mercado bancário constituído apenas de bancos nacionais. Então, tivemos a abertura, a presença de outros bancos e a privatização. Nós tínhamos mais de 240 bancos em 1995, hoje temos menos de 170 bancos. A privatização levou à redução, a um encolhimento do número de bancos, e a presença dos bancos estrangeiros nos tornou dependentes de recursos internacionais.

[Dirceu] De forma geral, os bancos internacionais não deram certo no Brasil.

[Pochmann] Não há nada que justifique, por exemplo, que nós não tenhamos um bom e grande banco para apoiar as micro e pequenas empresas no Brasil. O Japão tem um banco de pequenas empresas, por exemplo. Um banco para a agricultura familiar. Você poderia ter bancos comunitários em cada município. Temos mais de 500 municípios no Brasil que não têm agência bancária, por exemplo. E os bancos operam de forma centrada no Sudeste. A poupança do Norte e Nordeste vem parar no Sul e Sudeste do Brasil. Não existe o compromisso de aplicação do recurso no local onde ele é captado. O tema do financiamento do desenvolvimento brasileiro é fundamental para a sustentação do crescimento do país a longo prazo.

Aqui, a íntegra da entrevista.

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